sábado, 4 de julho de 2009

Até Explodir

sábado, 4 de julho de 2009
Andei, nesses dias de sono, limpando cadernos... Velhos cadernos sem valor.

E a cada ano que passa eles se amontoam mais, dispersos, como dispersos são os sentimentos em cada um deles.

E ainda tem os papéis que pego por ai, e escrevo qualquer coisa, e mesmo que as vezes eu passe a limpo, eu os mantenho guardados. Estranho né?
Daí eu sinto que tenho que mandar tudo fora, que nada que eu não possa fazer novamente eu devo dar atenção.

Mas não consigo, é uma parte de mim aqueles papéis velhos... acho até que uma parte do que fui e nem sou mais, me lembrando que somos sim imperfeitos, que precisamos sempre melhorar, e que escrevemos, pensamos, falamos e fazemos um monte de merda!

Tem horas que não acredito mais nas coisas que costumo acreditar... política, futebol, internet, amizade, amor, familia, vontade própria... tem horas que tudo isso parece apenas um monte de convenções sem valor que seguimos acreditando estarmos no caminho certo.

E quer saber? Acho que é isso mesmo, nem o livre-arbítrio, que nos jogou fora do Paraíso, é algo capaz de me aprazer o espírito... não, escrevendo isso, olhando pra tela, vendo as janelinhas do msn pipocarem... não acredito em nada disso... só acredito no tempo, que corre frouxo e dono de tudo sem pestanejar... já disse isso em algum caderno velho eu acho, mas o tempo é o último deus pagão, o relógio nos diz o que devemos fazer...

Nesse exato minuto, aqui e agora, ele me pede urgência no escrever, para não passar da hora do jantar...

Tenho me notado cada vez menos linear (esse texto é exemplo ótimo disso), ultrapasso assuntos sem terminar, não tenho paciência de separar parágrafos, e nem mesmo tento, nos meus cada vez mais raros poemas, ligar uma estrofe, ou verso sei lá, a outro... e as vezes parece que cada verso é de um poema diferente... ou estou perdendo estilo, ou estou sendo chutado por mim mesmo dessa “vide” de fazer poeminhas...

Vai saber né, também tenho me sabotado em tantas coisas, tantas que só na distância de alguns dias consigo perceber, mas só perceber, mudar é outra história...

Tô cansado já dessa tela, de sujar com minhas letras essa página em brando do word (até ele me diz o que fazer, questionando meus tempos verbais, e pintando de vermelho as palavras que não conhece)...

Gostaria muito de dormir hoje sabendo no que mando e no que não mando... mas agora percebo, que a última beleza que nos resta, que pode nos tirar da certeza do horário do ônibus, trem ou metrô, do rígido horário do almoço e do jantar, dos programas preferidos da TV, a única coisa que nos resta em volta desse monte de certeza, é a incerteza de não saber que horas que vamos explodir!

O futuro me reserva
Mas eu não me reservo
O Destino me aguarda
Mas eu não me resguardo

Pelas ruas de São Paulo
O que quero é me perder
Quem sabe bebidas e o som bem alto...
Fulga de quem não tem pra onde correr.

Eu quero mais eu quero inteiro
Sem mais pedaços de satisfação
Quem sabe me amassar pra virar pó...
E eu cheiro...Não quero mais me imaginar tão são

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