quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Pinga

quarta-feira, 26 de outubro de 2011 0
Queima, Quente
Mas, não é Aguardente,
Lembra, chora, brinca,
Roda, filosofa, caminha
Mas, ainda não é a Caninha.
Passa, vive, sonha,
Sofre, apaixona,
Mas, não é Cana.
Esquece, não vive, existe,
Não sonha, não se encontra,
Uma dose destilada,
Apaixonada e humilhada,
De Amor Cachaça!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

METAMORFOSE

quarta-feira, 17 de agosto de 2011 0
Que a minha existência seja sempre uma bela poesia,
Triste como um grande amor,
Alegre como o nascer.

Que o sofrer não seja a razão do meu viver,
Mas, que exista para compreender que do outro lado
há você!

Que a esperança seja sempre o meu remédio,
E a sua presença a cura da minha dor,
Que sua ausência não seja tão grande,
ao ponto do uísque se tornar meu consolador.

Que ainda nessa vida eu volte a ver seus olhos,
Sentir seu calor e seu amor.
Que nossa relação seja como a vida de uma borboleta,
Que nasce, "morre" e renasce.

Ao meu grande amor

domingo, 31 de julho de 2011

Sepulcro Domingo...

domingo, 31 de julho de 2011 0
Domingo é um dia pra se morrer.
Com suor de sábado profano,
com as imagens da sutileza de moças dançando.

O Sol manhoso aquece os velhos que lavam as garagens,
os olhos que lacrimejam e distorcem as cenas [que eu mesmo não quero ver]

Os cadarços soltos indicam o caminho,
a modarça não esconde a voz judiada pela cerveja.

Aos domingos eu encaro o sepultamento de meu corpo frágil,
mas já não reluto aos encantos de um sábado vadio [ou repetido]

Na volta!

E na volta da lua ou do olhar
No trânsito suicida da rua

Entre as lágrimas do céu. Perdido
Na chuva, na rua, no viver. Domado

Caído acabado pelo chão retorcido
Sou o fim, melhor dizendo, estou acabado

E recomeço a cada passo, sem vacilo
Esperando o amanhecer de uma segunda

Onde os sonhos escorrem pelas calçadas
E tudo, tenha certeza, será possível

Amanhã nem serei eu o perdido azarado
Amanhã, que me aguardem, nem serei eu!

Serei mais, novamente, serei indomável
Um novo homem todo dia, um novo dia a todo homem...

As futuras horas se retorceram como eu quiser
O dia está lá, vazio e é todo nosso, é todo meu!

sábado, 23 de julho de 2011

Uma casinha em Boi Véio...

sábado, 23 de julho de 2011 0
Poema em homenagem ao meu tio Poeta (assim com letra maiúscula mesmo) e minha tia Netinha, que mesmo anos e quilometos distantes me amam, e eu os amo, como se tivesse sido criado sobre seus olhos e cuidados. Obviamente que nunca nada escrito será um décimo do que é o sentido, mas não podia passar por Ouro Velho (Boi Véio como eles chamam) sem isso:

Um bar grudado numa esquina,
Bar não! Budega!
Um Poeta que canta a vida,
Poeta não! Cantador

Canta e conta história
que fascina, que te pega!
Um cabra que vive a vida
Com cuidado e com amor

Toda uma história e familia
A horas e quilometros distante de mim
Em ruas de terra e de casas sem jardim

Tio Tadeu e tia Netinha, numa casinha em Boi véio
Distantes dos olhos, mas perto pra quem sentiu
Que alguém tão distante do meu meio
É mais um que tenho orgulho de chamar de tio!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Noites de saudade

segunda-feira, 18 de julho de 2011 0
Amos as noites em que fico alto
Perdido entre goles de vinho
Onde meu parceiro é o asfalto
E ter medo é sofrer sozinho

Fumei, dancei, bebi, sorri. Enlouqueci!
Mas as melhores lembranças são com os olhos fechados
No dia em que viver foi o verbo que conjuguei
Os minutos nos seu braços foram os mais aproveitados...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Obrigada

quarta-feira, 13 de julho de 2011 0
O que sou eu comparado ao seu poder?
Do que serve minha inteligência sem sua sabedoria?
Até meu corpo foi criado para seu louvor.

Obrigada por me amar,
Por morrer em meu lugar,
Obrigada por me aceitar,
Obrigada por me criar e sua filha me tornar...

É na tua presença que eu sempre quero estar,
Minha alma deseja tua face encontrar.
Toma o teu lugar!

Eu não compreendo imenso amor e perdão,
mas é nos seus braços que vou descançar,
só o Senhor pode minha alma acalmar...

Defuntos & Pó barato

Ternos negros,
pasta no cabelo.
A moça quer o mármore,
passeios mórbidos e os olhares dos coveiros.

Eu roubo as flores, dos Antonios e Lourdes,
duas esquinas e esqueço os nomes.
A moça quer o céu negro e imagens de santos.

Mergulho na seda dos seus braços,
ela geme eu mordo.
Ela precisa desse cenário e eu só acho estranho.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Domingo...

segunda-feira, 4 de julho de 2011 0
Segurar o sorriso na mão
Perder de antemão o pudor
Se jogar sem ver pra que lado
Ser feliz para onde diabos for

domingo, 3 de julho de 2011

Inteligência do macaco narcisista.

domingo, 3 de julho de 2011 0
Estou bem perto de excomungar a inteligência. Manda la pra longe, já não me importo. Faz tempo que me cansa esses papos intelectualóides. Filmes, livros, política. Sempre me bate um sono e saio com a certeza que esses papos são instrumentos pra sempre aumentar os muros entre as pessoas. Superioridade aglutinada em escudos de sabedoria metida a besta. Vou pensar numa teoria boa o bastante pra ser um tolo por opção. A tal ignorância que é uma benção é mesmo bem melhor que essa esperta vontade de reluzir egos.

sábado, 2 de julho de 2011

Lança

sábado, 2 de julho de 2011 0
Não posso dizer mal,
Mas não posso elogiar,
O que aconteceu com a atenção,
aquela educação?

Tão lindos,
Fortes, maravilhosos,
Mas tão ignorantes e
Grossos!

Ainda bem que algo se salva,
meus amigos sem essa arma,
vocês não seriam nada.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Prazer, essa sou EU

sexta-feira, 1 de julho de 2011 0
Nenhuma letra combinada e rimada é capaz de transmitir a dor da minha alma,
Meus versos por mim não falam,
e a angústia não é anunciada.

Eu não quero rimar, não quero criar,
Não quero competir, não quero ser lida
nem compreendida, eu quero amar!

Não importa se é verso, poema,
narração, dissertação,
Eu não quero saber se esta bom,
se tocou seu coração.

Eu quero viver, quero ter prazer,
quero sorrir e o meu pão dividir,
Quero ser mãe, quero ser "Amélia"
E sua mulher eterna!

Sobre meus defeitos

Não gosto de dias cinzentos, e nem de foças forçadas
Prefiro desfazer as lágrimas com música alta
Do que cultivá-las com baladas de merda do Djavan
Ontem eu não posso mudar, hoje eu já quase pedi,
fico sem tempo pra chorar já que só me resta amanhã

Lamento os choros alheios, queria poder dizer verdades
Dizer que é bobagem chorar pelo que se quebra
Que tristeza é o esconderijo de quem não luta,
que o luto é barreira pro futuro, mas nem sempre posso

"Eu lamento" é o que se espera ouvir
Tapas na cara é pra quem pode e é impossível saber quem pode
Todas as vezes que cai foram tapas que me fizeram levantar
Não me acho mais forte, eu só tenho o meu jeito de seguir

Claro que ter o que escrever me faz lidar melhor
Jogo aqui toda merda que fica no inconsciente
Mas a verdade é que de fato eu devo ser mais forte
Pra encarar com humor a minha famosa má sorte!

Já não perco mais meu tempo com compreender
Não quero nem saber o que você sente ou sentiu
Já é foda o bastante entender o que eu penso
Pra saber se o que disse foi verdade ou mentiu

Tenho poucos defeitos eu acho:
Egoísta, autoritário, sarcástico, cínico,
Insensível, grosso, preguiçoso, maldoso, ignorante,
Sincero demais quando isso pode te ferir,
condescendente demais quando isso me convém...

Só não sei ser falso, ainda não aprendi bem...
Mas o tempo tá ai pra isso, vou logo aprender se precisar
Também não sei gostar do que não gosto,
Nem ter amigos só por interesse... como seria bom saber isso!

Tenho uma porrada de qualidades, bem sei
Mas hoje é dia pros defeitos!
Não gosto de receber críticas, não suporto que não gostem de mim
Fico puto de ser ignorado, tenho ciúmes seletivo
Sou manipulador ao extremo!

Sou arrogante sim, foda-se!
Tão poucas coisas em que sou bom
que nas que sou bom jogo na cara mesmo!

Mas admita: Quem mais falaria tão a sério assim sobre si mesmo?
Sou foda!

Discos velhos, amor perdido. A gente escolhe o que quer ser

Escolhi um dos discos velhos que estão na estante,

Empoeirada - sempre.
Barulhento - as vezes.

Botei pra tocar e esse era bem barulhento, juvenil. O Kiss da minha geração. Não era fuga nem nada, foi só pra deixar claro que já tô sacando essa da vida. Ainda não fui convencido a entrar no jogo e deve ser por isso que troco o almoço da semana por caixas de cerveja toda noite.

Convencido - as vezes
Juvenil - sempre.

Me liguei que já deve fazer uns 10 anos que o disco reveza entre minhas estantes, entre as casas, entre as ruas e toda e qualquer gente que entrou, mesmo sem permissão, na minha vida.

Não que ao passar dos dias eu estacionei e sou o mesmo cara de anos atrás, mas no fim é meio que isso, a gente escolhe o que quer ser. Tem gente que nomeia demônio, idiotice, imaturidade. Mas vencer uma batalha contra nós mesmos é a maior das nossas vitórias. Realmente parece uma força maligna esses ventos que nos fazem cometer os mesmo erros e se curvar aos mesmos vícios, mas va lá, no fim a escolhe essas rotinas e é preciso muito para vencer.

A percepção é moldada por nós mesmos e não há quem nos faça crer que estamos errados. A gente escolhe o quer ser.

as vezes - eu lido com isso.
outras tantas - eu saio vencido.
quase nunca - eu venci.

Ganhar e perder é uma merda, quem foi que nos ensinou que devemos sempre ganhar e que isso é preciso?

Por hora eu acho melhor que os santos, puros e dogmáticos, fiquem longe.

Os mesmos discos refletem a mania, o erro, o descaso. A gente escolhe o quer ser?

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Gratidão

quinta-feira, 30 de junho de 2011 0
Que vazio é esse, que só o Senhor pode preencher?
Amargas são minhas palavras e corrompidas minhas ações,
Em meu ser há um lugar que somente Ti pode pisar,

Ao me alimentar com os porcos, pensei estar feliz
Ao me prostituir, pensei ter prazer
Ao me embriagar, pensei estar alegre!

O que aconteceu com minha visão?
O que eu fiz com meu corpo?
Cadê o meu amor?

Miseráveis são meus pensamentos,
Como és capaz de me amar?
Morreste em meu lugar!
O que eu posso fazer para lhe agradar?

Se nada sou,
Nada possuo,
E o que há em mim, não te afaga.
Ainda sim, lhe entrego minha vida, minhas dores,
Minhas feridas, minhas lágrimas e acima de tudo,
Ofereço-lhe minha gratidão, não apenas pelo que És,
Mas, pelo o que fez por mim!

Coisas dos dias...

Esticar o meu tempo
Caber nos seus momentos
Lamber as feridas do seu dia

Sugar o prazer dos "oi's"
Te abraçar de olhos fechados
E não dizer nunca adeus...

Apertar sua mão
Embaixo do cobertor
Te puxar pra perto
Sentir seu cheiro

Não medir palavras
Dizer bobagens
Sorrir do seu riso

Esperar você chegar
Pra abrir a porta de toalha
E quem sabe te convencer a ficar

Te abraçar bem forte
Te levantar, sorrir
Brincar, brigar, amar... viver!

A falência ou coisa que o valha

Construir uma ideia.
e te dar um sorriso
estão nos planos diários.

me fracionar em pedaços
e te entregar as fatias
são o alimento pro seu café da manhã.

Só acho isso estranho,
pois ultimamente você parace não querer.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Masturbação

quarta-feira, 29 de junho de 2011 1
Suas mãos acariciam todo meu corpo e com deslicadeza vai me despindo,
Seus olhos vão de encontro aos meus,
Enquanto abocanha meus seios,
Sinto seu corpo estremecer

Minhas pernas entrelaçadas a suas,
Meu corpo no seu corpo,
O seu corpo no meu corpo,
Torna-nos um único elemento

Suor, gemidos,
Tudo se mistura aos gritos,
Sussurros, introdução, penetração,
Invasão, apenas o meu órgão nessa sensação

Arrumar palavras...

Ainda tenho coisas a dizer?
Olhei hoje para essa tela branca...
E me perguntei, sinceramente:
O que ainda falta falar?

Passei e sei que ainda vou passar
Muito tempo escrevendo e a escrever
A minha grande dúvida agora é?
O que porra ainda tenho a dizer?

Ah... e tem essas estrofes estranhas que me permito fazer
Sei que as vezes parece que uso palavras apenas pra rimar
Mas olha, sou poeta pobre, ingênuo e sem recursos...
Meu maior trunfo, acredite, é amar a minha poesia sem pestanejar...

E, quem sabe assim, cinicamente
eu pare de fazer poesias para os assuntos,
e passe a arrumar assunto pras minhas poesias!

O intervalo ou um rascunho sobre os desencontros

No fim a gente é um pouco dos dois, carne sem graça no espeto ou baratão nojento aceitando o que se é.

Existe a hora, mas a gente nunca sabe. Faz dias que não sai uma linha, faz dias que ela não diz que me ama. Não vai mudar, os instantes que dividem a glória de um segundo indiferente são uma penitência, uma jaula que a gente sempre volta a se trancar. Com consentimento, com a dúvida de nunca sair.

Faz dias que não sai uma linha, um inferno só com dias previsíveis. Juntar palavras é bobagem e inocente. Pego a blusa, o cigarro e me contento em me divertir no trabalho ou com o caminho até a casa dela. Não preciso de liberdade pra esses dias e nem de um estopim que ilumine o caderno que está abandonado.

Eu pego a blusa, o cigarro e nem me importo se faz dias que não sai uma linha. Pelas onze da noite eu entro e eu mesmo fecha os pequenos metros quadrados que aprisionam, aprisionam. Sei que um dia, de tanto juntar acaba saindo. A linha, o verso o beijo esquecido. Agora, eu nem me importo. Kafka e kafta já me parece a mesma coisa, no estado inerte que me encontro. No fim a gente é um pouco dos dois, carne sem graça no espeto ou baratão nojento aceitando o que se é.

As mãos deslizam e desenham formas irreconhecíveis. As letras todas fogem e se escondem. Não é o tempo, talvez nem a hora pra contar a nossa história ou inventar uma nova. Eu pego a blusa e o cigarro enquanto não sai uma linha.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Exercício de Escrita III

segunda-feira, 27 de junho de 2011 0
Tanto tempo fui tão pouco
Tão pouco eu por tanto tempo
Tempo louco, sem eu em mim
Pouco tempo disposto a ser assim

Tem esse gosto de disgosto que me afronta
Assombra a sombra da vida que desponta
Descer ladeiras, escorredeiras sem arte
De uma ladeira onde o sol bate e arde

Desejo o minuto que passou e foi apressado
Jogado segundo que se perde e é lembrança
Desconfiança de perder meu tempo e vida
Talvez perdida para nunca e nunca mais

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Corações mornos ou a viagem dos indivíduos nulos.

sexta-feira, 24 de junho de 2011 0
Tem café e cerveja, mas nada pra comer. É assim que sempre recepiciono os amigos lá no meu pequeno aparmento perto do centro. Café e cerveja e quase sempre água na geladeira. Comemoro sempre que abro a porta vencida pelo ferrugem e vejo a luz iluminando os azulejos manchados da cozinha, tem uma luz lá dentro. Ainda não cortaram a força.

Pausa pra abrir as latas enquanto a gente consente em silêncio que cortaram a força, a fome, a sede. Tiraram da gente a esperança, a vontade, a crença. Os encontros nossos são como se nunca tivéssemos pichados muros ou soltado grunhidos raivosos de extrema esquerda, hoje é assim, como se nunca tivéssemos levantado bandeira alguma. Antes a conversa era com menos cerveja, mas sempre caia em Stirner ou o que Hegel tinha a ver com sexo livre.

Hoje, sempre esbarramos nos títulos atrasados e falamos das mulheres e de aventuras que a cada ano ficam mais perigosas. Ao menos algo deve continuar pulsando. Tem café e cerveja, mas nada pra comer.

Ainda não cortaram a força, mas já não lembro quando dei a última palavra convicta da minha revolução sem leis.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Lendo um autor com fortes simpatias anarquistas

quarta-feira, 22 de junho de 2011 0
"Quero que vá para o inferno essa batalha do zodiáco ... não dou a mínima para a conspiração dos planetas."

Faz tempo que ela adotou uma mania, me envia o horóscopo todo dia. De alguma forma ela crê que isso vá mudar meu dia. Fico sem graça de dizer pra ela que quero que vá para o inferno essa batalha do zodiáco e que não dou a mínima para a conspiração dos planetas. Talvez eu não dar a mínima pra quase nada a deixe preocupada. Ontem mesmo dizia para os virginianos terem cuidado, Jupiter está em fúria.

Vejo na TV um homem público que ficou milionário em questão de poucos anos, só mandando ver na licitação para favorecer a sua empresa. Vão fazer o Itaquerão, esculpido a suor de 1000 homens e dinheiro que a gente não vai poder saber daonde veio, se bem que sabemos, mas vá, Jupiter está em fúria. Mensagens codificadas não descansam, deve ser por isso que sempre vou dormir tarde.

Já recebi a notícia diária dos cosmos e da moça que se preocupa com os astros, mas ainda não li. Não é medo, mas a cabeça está longe. Não que a insônia veio me visitar esses tempos, mas sempre acabo indo até as tantas da noite. Estou quase chegando numa teoria que é possível sacar microfonia nos ruídos mínimos da madrugada.

Ruídos quase secretos que escondem os passos de gente que rasteja, copula e morre em estradas. Estou quase lá, por que mais furioso que Jupiter esteja.

E você? Já sabe da sua sorte de hoje?

terça-feira, 21 de junho de 2011

Um Desejo

terça-feira, 21 de junho de 2011 0
Disse ao Rei: torna-me um passáro!
Para voar alto, onde ninguém possa me alcançar,
No inverno migrar à procura do infinito,
E retornar no despertar mais belo e singelo de uma rosa.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Meu Corpo

segunda-feira, 20 de junho de 2011 0
Entre sem pedir licença,
A casa esta molhada é apertada,
Mas é o primeiro a usar

Visite todos os ambientes,
E diga em qual deseja deleitar,
a decoração é agradável,
E nas montanhas pode deslizar

Só tome cuidado com um lugar
se nele você entrar,
Para sempre irá ficar

Manhã na Augusta...

Eu nem lembrava mais como era esse, que tá na descrição do blog, mas reler me fez lembrar todas as cenas que me levaram a ele...
Lembro de tentar tocar na guitarra, que o cara tocava no palco, lembro de falar alto com as pessoas no balcão e essa noite terminou com pastel de queijo numa feita lá perto e todas aquelas certezas de nunca mais e tals, que se renovavam a cada novo sábado...

Agora sinto em minhas costas um peso
Um peso tal que já limita o meu andar
São tantas horas em função do desespero
Que na manhã de mais um domingo é difícil caminhar

Ainda escuto o estrondo das músicas altas
Mas não sinto mais a esxitação de agora a pouco
O dia na minha cara, com sorridente sol, me tirou o tesão
Só me restam lembranças, e o cheiro de cigarro na roupa

Quero dormir pra me esquecer, pra não lembrar
Que ainda era eu cantarolando músicas sem conhecer
Quero dormir pra sonhar, ou fantasiar
Que sabia a hora de beber, mas também a hora de parar

Férias

Qual o valor de um pipa?
Vinte, trinta, quarenta centavos?
E um carreteu de linha, têm ele o mesmo valor da lata em que é enrolado?
Qual o valor da rabiola feita com saquinhos de supermercado? Ou aquele que de segunda, quarta e sexta é coletado?
Qual o valor da cola e do vidro despedaçado?
Terá eles o mesmo valor do dedo e pescoço cortado?
E aquele telhado quebrado, qual o valor cobrado para ele ser concertado?
E o valor do rosto queimado? Onde o protetor não foi passado.
Terá que pagar o céu para ele ser lançado? Ou é o vento que deverá ser pago?
Qual o valor de um pipa, quando é mandado?
O mesmo valor do cortado e aparado?
Ou será mais caro, aquele que foi buscado na rua de baixo?
Terá o pipa, o mesmo valor de um coração apaixonado?
Que por ele o céu esta sempre enfeitado...
Será o pipa responsável pelas quedas que gerou o machucado?
Qual o valor de um pipa?
Criado 1.200 antes de Cristo ser gerado, por um chinês sábio,
Mas somente em uma época do ano é lembrado.
Aí coração apaixonado, o céu não é mais enfeitado,
o que era apenas um sinal, hoje esta cortado,
só resta a cicatriz do amor mandado.

domingo, 19 de junho de 2011

Inverno

domingo, 19 de junho de 2011 0
Frio, coberta, banho quente,
pé gelado,
sono atrasado

Segunda, terça, quarta-feira
uma semana,
que saudade imensa

Ódio, diálogo, conversa
brincadeiras, olhares,
barro,
balsa,
beijo!

Desejo, Newton, sedução
paixão,
traição,
coração... Pé gelado!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Negro cardume da noite...

sexta-feira, 17 de junho de 2011 0
Negro cardume de rua
Suja rua que adormece
Perdidos sussuros pela noite
Faz da vida insuportável espera

E a noite faz de fantasma as estátuas
E transforma em ratos nossos seres
A noite que me leva e me aguarda
É a mesma noite que me mata e temo

Solta-me noite! Me deixe livre de você
Quero voltar a ser o que não fui...
Perdido, choroso... um resto de gosto
Um monstro de desgosto esperando morrer

Mendigos que mendigam moedas
Esperando um pouco mais de prazer
Sentinelas nestas ruas desertas
Donos das noites, perdido viver

Esqueçam as histórias infantis felizes
De meninas com príncepes pra salvar
As meninas que vejo ficam em portas de prédios
Onde o prazer tem preço e você pode pagar

Caçando a liberdade em notas de 50 amaçadas
Entre vestígios de crack, perdição e cocaína
Se consome muito, se consomem todos
Perdidas, escrotas, farrapos perdidas...

A marquise nos esconde, nos protege
Lá onde o fogo é fraco e permitido
Onde se misturam pernas e braços
E o amor é um pacto, de um povo ferido

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Vontade...

quarta-feira, 15 de junho de 2011 0
A vontade toma os caminhos que quiser
Ela, tu sabes, é indomável e irrequieta
A vontade me leva e vou sem saber
Pra onde estou indo e o que me espera

Meu corpo é tomado e cada gesto é em seu favor
Cada batimento, passo e respiração
Minha mente é invadida pelo seu imparável fulgor
E quando nú não consigo mais ouvir seu não

Dentre as mais pesadas noites,
entre as pernas mais desejadas
Sonhei, sofri, me perdi e fugi

E nos dias que se perderam
Entre dormindo e acordado
A vontade me deixou parado
Tomou minha mente e me lembrou você

E não perdi mais minhas horas
Não joguei mais minutos fora
E teu sorriso é minha desforra
Que enxergo com os olhos de quem adora

Pensei num tema em tríade.

Pensei num tema em tríade, em mais um tema desses. Repetido mesmo, tudo bem. Eu não me importo e você? Se volta por aqui, também não.

Pensei num tema que tivesse liberdade, ousadia e cheques pré-datados, mas me senti preso, castrado e afogado em contas atrasadas. Concluí que não serei mais livre, já não me passa mais a ideia de fugir dos meus pensamentos. Ousado só é mesmo quando imito o Rafiki, o macaco do rei leão, pendurado nos ferros do metrô.

Vivo flutuando, todo mundo vive. Astronautas sem olhos que flutuam na esperança de tocar o dia seguinte e que esse dia seja o dia que a gente fica milionário, feliz e realizado. Eu flutuo, mas de cansaço. Cansado do discurso, da inteligência, dos custos e dos prazos.

Pensei num tema em tríade que fosse prático, que te tirasse da inércia, te botasse no chão. Um tema que tivesse crença, luta e liberdade. Concluí que o relógio é mais doido que o Sol e foi a ditadura que a minha geração viveu. É estranho achar que se é livre no mundo dos crediários.

Concluí que limitado é uma variável e alcance nem sempre é onde chega meus braços. Só daí percebi que uso todos meus dias pra não deixar que flutue sem olhos, em uma era que a gente ainda pode usar ousadia, crença e luta numa única frase.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Livros, discos e poeira no armário

segunda-feira, 13 de junho de 2011 0
As vezes é preciso ver de novo. As vezes é preciso ver mil vezes e tem as tantas outras vezes que é melhor nem ver. Coleciono discos na estante, cada temporada é um novo. Depois cansa, como tanta gente que passa nas nossas vidas, depois cansa.

Daí deixo eles descansarem na estante, ao lado dos livros que veem junto das temporadas. Reparou? A vida é cheia de temporadas, das fases e dos altos e baixos. Se sacar tem trilha sonora pra mocinha da viela, tem poema pras Anas e Lucimaras, tem discos e discos que são recheados das palavras desses livros e neles os dias que a gente vai levando.

Quase sempre a gente ouve as músicas até rachar, looping eterno pros refrões e muito fôlego, pra rima não ficar sem graça e os versos repetidos.

Depois, a gente cansa. E eles descansam ao lado dos livros.

Quase sempre minha estante fica repleta de poeira, porque a vida corre rápido e a gente não tem tempo pra isso, pra lustra móveis, pra Poliflor com cheirinho de Lavanda. Mas não tem jeito, tem vezes que é preciso voltar lá e por tudo em ordem. Os discos voltam pro tocador, os livros voltam a ser lidos e reviver as temporadas é efeito colateral que atinge o estômago sem nenhum rancor. Solto o riso, lembro das Anas e das Lucimaras e é isso.

No fim nunca gosto disso, de reler os livros e nem de ouvir os velhos discos. No fim é reviver de forma intensa demais coisa que não faz mais sentido. Fico feliz de ter uma trilha sonora pra mocinha da viela, mas me dá ânsia quase que sentir nos pés o frio daqueles paralelepípedos.

No fim a vida corre demais e a gente não tem tempo, pra Poliflor cheirinho de lavanda.

domingo, 12 de junho de 2011

Feliz dia dos Namorados!

domingo, 12 de junho de 2011 0
Não sei se sempre serei eficiente assim, mas hoje ao pensar na data foi isso que saiu...
Você caro amigo que ainda não disse nada de muito romântico para sua digníssima, sinta-se a vontade de roubar e dizer que é seu! Hoje está liberado!

Queria ter milhares de coisas pra falar
Cantar sua beleza, a alegria de ter você

Queria inventar palavras e expressões
Pra me convencer e a você...

Quero! As horas em que não te vi
Os anos que passei sem te conhecer!

Quero inventar histórias, contar causos
Onde a heroína a ser salva era você,
e eu herói atrapalhado a te salvar!

Queria ter mais certezas pra dizer
Saber sobre a vida, sobre mim e você

Te falar dos sorrisos que me tirou
Das vezes em que não estava bem e te liguei

Do favor que me faz ao ficar comigo
Da vontade que tenho de te agarrar...

Das horas passadas entre seus beijos
Dos dias em que fiquei só no desejo

Dai que, sendo assim, fica até pouco só dizer:
Feliz dia dos namorados pra você!

sábado, 11 de junho de 2011

Bom mesmo!

sábado, 11 de junho de 2011 1
Bom mesmo é cerveja!
Não adianta vim falar
Tempera as conversas e a vida!

Bom mesmo é boteco!
Pra rir e convensar
Queria ter boteco todo dia!

Bom mesmo é amizade!
Pra te compreender te ajudar
Não ter amigos perto é minha fobia!

Bom mesmo é o amor!
Pra beijar e abraçar!
E eu quero tudo que é bom ao mesmo tempo!
E não quero deixar o tempo passar...

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Dividendos ou o troco da auto-estima.

sexta-feira, 10 de junho de 2011 2
O relógio toca, quase sempre me atraso.
Levo uma vida de bom moço
e sinto culpa por encarar os dias assim.

Tá certo que cansa ser falido,
nesse mundo dos vencedores e bem sucedidos.
Mas não nasci pra isso.

É como trair o espirito.
Estou perdendo os dias
e aceitando a condição.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Sedentos por mais viver

quinta-feira, 9 de junho de 2011 0
Tempo e vento: cruel mistura!
Que desfaz amores e montanhas

Destrói nossos corpos e sabores
E deixa em nós a saudade e a falta

Somos restos das estrelas
Esperando nosso tempo acabar

Somos amores perdidos
Esperanças despedaçadas

Que ainda vivos e sorridentes
Ficamos pelo mundo, fingindo não sofrer

Mas a dor é o que nos faz mais vivos
Vivos e sedentos por mais amor, por mais viver

E se puder pedir, e um só desejo tiver
Quero sim sofrer, pra me levantar feliz

Quero cair, em lágrimas me desfazer
Pra ter vontade de ter sempre mais!

O maior tesão que se deve ter
deve ser o tesão por continuar!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Nasci de uma vontade estranha

quarta-feira, 8 de junho de 2011 1
Nasci de uma vontade estranha,
uma vontade que faz eu sair de casa nesses dias odiáveis.

Insisto na ideia de sumir, nessas festas de gente esquisita.
Procuro um método de eternizar as visões distorcidas,
que tenho quando estou possuído de ópio.

E acho isso tão normal, com a mesma neutralidade
que você responde aos bom dias de desconhecidos.

E acho isso tão assustador,
como as vezes que me pego escondendo versos secretos [e mentirosos.]

Nasci de uma vontade estranha,
que faz eu ser um eterno insatisfeito.

E acho isso tão normal,
na medida que você me chama de assustador.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Coletivo Um Nove - Condicionado

terça-feira, 7 de junho de 2011 2
Tem a liberdade de escrever
Tem a liberdade de pensar
Que só as amarras da mente
Fortes e potentes, podem nos limitar
Nós somos poços de vontades

O ar-condicionado/ser-humano condicionado
Enganando-se sobre as portas abertas,
sobre vento frio que vence as janelas.
Crente em ser senhor e livre das amuletas.

Erro de servo menor, doutrinado e inofensivo,
refém das suas ideias viciantes,
cumplice dos desvios da humanidade.

Mas eu vejo chegar o dia
Em que será absurdo não viver
Em que chacoalhar nos coletivos
Morrer em escritórios de ar-condicionado
Será passado e perdido...

Cegos do instinto que move nossos desejos,
Alucionados os espíritos que querem sangue quente.
verossímil está o câncer pungente,
que estimulará nossa sede de deixar legados.

Legados livres, libertinos e sedentos.
Sedentos de liberdade.

sábado, 4 de junho de 2011

Não pensei num nome...

sábado, 4 de junho de 2011 0
Dos medos justificados eu sorri
Da seriedade dos dias cinzentos eu fugi
Passei os melhores dias ao vento
Entre as putas e os seres sem lamento.

Corri entre os carros, perdido
Morri nas noites de altas doses
Chorei pelos corpos e nos copos
Sem medo te beijei as dores e chagas

Sobre os escuros escombros da noite
Sobre as marquises de medo e loucura
Durante todas as fases da lua...
Eu te vi, te senti, te amei

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Dois quadros pro meu filme feliz

sexta-feira, 3 de junho de 2011 1
Se faz poesia quando se tem felicidade?
Fechado pra balanço!

Só escrevo quando voltar,
do seu quarto,
do bar,
da rua.

Da aurora que esconde as nossas faces,
quando eu voltar,
porque eu fui longe.

E hoje eu não quero voltar!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sou só eu...

quinta-feira, 2 de junho de 2011 0
De sonhos, isso mesmo
Queria ser um pote de sonhos,
os que a gente pode viver
e os que só podemos sonhar...

Queria ter todas as dores,
Pra ter todas as lágrimas.

Ter um monte de sorrisos
Um colar e várias certezas

Desejei ser tudo que pudesse
Mas hoje, nesse frio, sou só eu.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

31 dias e o complexo de Teseu

quarta-feira, 1 de junho de 2011 2
Se foram os 31 dias de muita baboseira por aqui, sinto que nunca escrevi tanto na vida e isso me pareceu um bom hábito. Revivi cada palavra e num sopro as dei de graça. Meias palavras doentes de caras que não sabem onde por a vírgula e que rima boa nem sempre é dos repentistas. Assim foram os dias, de caras que pensam que são mais fortes do realmente são e que reduzem afetos em versos truncados, errados e instintivos.

Longe das academias e letrados se escreve de um jeito estranho, decadente e aleatório. Triste como o relógio e alucinante como guiar uma moto a muitos kilometros por hora. E isso tem algo de belo. Não nos reduza a comparações absurdas, não seremos pomposos na escrita, nem novos gênios da literatura.

E isso tem algo de belo, mesmo esses versos equivocados, destreinados e urgentes. São belos!

Para entender a beleza é preciso questiona-lá. É muito fácil achar belo um quadro de Van Eyck, qualquer um acha. O rigor técnico é surpreendente e chamem de talento o que mais quiser chamar, seus quadros assustam tanto como um Jesus de ferida aberta feita pelo Caravaggio. Beethoven é conhecido até hoje por criancinhas e por caras que não entendem nada de música clássica - como eu. Mas sempre nos deparamos com um abismo que divide esses caras a nós. Inevitável é se surpreender pela obra e achar que nunca seremos capazes de fazer tal feito. Reduzir fronteiras e chegar num ponto secreto é muito mais belo que o rigor técnico quase que exibicionista de muitos artistas. Tocar sem usar as mãos é mais uma para a coleção de mistérios da vida.

Certa vez vi os olhos de um matemático observando a solução de suas três folhas de cálculos. Via o caminho que acabará de percorrer, mesmo atônico soltava um riso vitorioso. Desvendava entre suas derivadas duplas e integrais um dilema. Acabará de se apaixonar. E achava aqueles rabiscos, números, xis e alfas o mais belo dos monumentos. Achava belo pois passou a entender. Compreendeu os sistemas complexos e dado o instante que soube interpretar e desvendar os mistérios viu a beleza e profundidade que esses códigos continham.

Assim como esses textos, tão possíveis, que qualquer um pode escrever. A beleza está em desvendar os códigos, alguns simples e outros complexos. Não existe abismo entre caras sem talento que escrevem mesmo sem saber. Ué, no fim nascemos sem saber e vamos vivendo mesmo sem ter nenhuma habilidade para tal.

Os olhos do matemático ainda contemplam a beleza de suas folhas, o poeta que matou meus pseudônimos ainda leva em si um sorriso e eu desde então de sopro em sopro dou essas migalhas corajosas. E isso tem algo de belo.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Terminou o mês de Maio!

terça-feira, 31 de maio de 2011 0
Puta que pariu! Terminou!
Complicado ter obrigação
Foi um tapa na cara
Pra mostrar que não sou bom!

Falei de tudo, aproveitei
Mas admito, sem vergonha
Falei quase sempre do que não sei!

Não sou poeta, não sou cronista
Sou só um bobo, exibicionista!

Não sou poeta, não sou ninguém!
Aliás, senão sou poeta, não sou ninguém!

E sendo assim posso dizer:
Poesia é o mundo todo
E ser poeta é só saber viver!

Não refaça o verso

Ontem ela me disse que leu algo que mudou a sua vida. Para ser menos trágico mudou um dos seus hábitos. Ela leu uma coisa que invadiu uma área que talvez eu nunca alcance. Logo eu, tão egoísta.

Que quis ser tão dono de ti e de seus milimetros. Fui derrubado por algo que você leu e que mudou sua vida. Pensei nos meus rascunhos tão egoístas, que só servem pra mudar meus hábitos e arrancar de mim o tédio da rotina. Evidente que nunca tive a pretensão de mudar a vida de ninguém, nem mesmo seus pequenos hábitos. Mas dela, logo dela, eu dei pra mim essa obrigação.

Logo ontem, que me senti tão fracassado. Vi um texto meu, bem velho, desses egoístas, só meus que alguém botou a mão. Pior, mataram o verso. Mataram a graça, a irônia, tiraram dele a sacanagem. Como justificativa me disseram que as palavras eram rudes, desnecessárias. O preço foi a tristeza de um bife morno, apático. Um verso fraco.

Quis dizer amante, no sentido sexual mesmo. Amante de cúmplice, de segredo. Mas botaram lá um companheiro. Pensei nos filmes quando retratam comunistas. Não queria agradecer um camarada e nunca transei com um companheiro, nem companheira. Só transei com minhas amantes.

E essas histórias todas me disseram boa noite, um ai de respeito aos versos indecifráveis, ao mistério malidicente aglutinado neles. Eles assim, preservados, levam o poder súbito de mudar seus hábitos.

Por isso, não refaça o verso.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Estive fora uns dias

segunda-feira, 30 de maio de 2011 1
As vezes eu sumo.
Do mapa, dos meus cantos.
As vezes eu desapareço.

Dai ela liga,
Diz que sente falta,
Pergunta por onde eu estive.

Indaga se foi os narcóticos.
Diz que é melhor eu me cuidar,
Mas eu só estive longe esses dias.

Dela, dos meus cantos.
De mim mesmo.

domingo, 29 de maio de 2011

Daffine!

domingo, 29 de maio de 2011 1
Acho que ela me entende...
mesmo fria máquina de correr
As minhas vontades e frustração
Seu motor parece até compreender

E passam as horas, os dias,
E nos corremos entre os carros
Não, nem garoa e nem frio me param
Pois estar sobre ela é como um abraço

E o asfalto, que é caminho e fim
Onde escrevemos nossa história
é a testemunha do meu amor a ti

E de um amor bobo a velocidade
Que se manifesta no vento
Que toca meu rosto atrás da viseira
E me faz dono do espaço e do tempo

Eu te amo minha Daffine pequena
Que me leva e me carrega sem reclamar
Eu te amo minha moto sem problema
De um jeito que só a uma moto posso amar!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Ver-te no mar...

sexta-feira, 27 de maio de 2011 0
Verde é o mar
Ao ver-te no mar
Como um musgo perdido
Uma história conhecida

Esperar, conhecer
Me afogar, morrer!
Me jogar, sem ver
Fui até o fim, avancei

Nas rochas molhadas
Entre as ondas que batem
Onde areia e água
é o mundo que vejo

Perfeita sua fala
Que me deu adeus
No mar, espatifada
Meu amor se perdeu

Olho, me olha o mar
Molho, me molha o mar
Gosto, salgado, marcado
Morro, sorrindo, acabado!

Numa onda que quebra
Nas areias e me leva
Ao fundo do mar
Perdido em mim...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Ainda sou eu!

quinta-feira, 26 de maio de 2011 0
Um dia, dois dias, três dias
O tempo passa preguiçoso sem parar
A vida sem graça, vadia
Pode ser melhor pra quem amar

As horas, que passam longas
Fazem a vida curta
E o sonho que era pra longe
Está escapando entre os dedos!

Eu já tive tanto tempo
Jogava as horas pelo chão
Eu já fui dono de tudo que sentia
Era o mais foda, o espertalhão!

Hoje sim, entendo que sou bobo
E isso é que me faz realmente esperto
Pois sou dono de mim, não quero socorro
Procuro o amor e as felicidades mais perto

E lá no fundo dos olhos,
Onde nem chega o olhar
Está o brilho antigo

E esse brilho me faz lembrar
Ainda sou o mesmo moleque
Fazendo merda e gargalhando sem parar!

Voa meu olhar...

Voa meu olhar
É como o vento
Para em você a admirar
Em ti passeia lento

Invejo o vento
que me exaspera
Que te toca sem ter mão

Invejo o vento
Pois não toco nela
E tenho medo de sonhar em vão

Espero o tempo
Que me reveja
Não me apaixonar era ilusão!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Eu sou Cafona!

terça-feira, 24 de maio de 2011 0
Ser feliz é um fardo!
Melhor dizendo: Tentar ser feliz é um fardo!

Tem essa idéia boba, estranha, de que devemos procurar a felicidade acima de tudo, que é ela que interessa e blablabla...

Seria bom saber o que é essa felicidade que a gente procura, lotando as ruas de carros, os ônibus e trens de pessoas, os shoppings de gente, as faculdades e escolas de alunos, lotamos os bares de bêbados, as ruas escuras de putas e travestis, os consultórios psiquiátricos de desequilibrados, as bocas de consumidores, as ruas da cracolandia de viciados...
Todos atrás da felicidade. E se eu te perguntar agora, você vai me enrolar com um monte de palavras vazias e clichês e não vai me dizer o que é felicidade.

Tem gente que fala que felicidade é qualidade de vida, o que é qualidade de vida? Pra mim qualidade de vida pode ser ter boa saúde bucal! E pra isso você precisa escovar bem os dentes e ir regularmente ao dentista, se levarmos isso adiante poderemos dizer que felicidade é uma boa escova de dente e um dentista sempre disponível.

Já ouvi dizerem que felicidade é satisfação pessoal, fazer o que gosta, pois bem, eu gosto de jogar vídeo game, e nunca alcancei o nirvana ao fechar o Metal Gear ou o GTA San Andres! Se fosse assim era comprar o PS3 e esperar a morte chegar com um sorriso no rosto!

Tem gente que vê a felicidade nas pequenas coisas... bom, embora seja forçoso não fazer a piada fácil de casar-se com um anão ou anã, isso também não faz sentido! Que são as pequenas coisas? Um bom dia? Seu carro funcionar de manhã e não furar o pneu? Flertar com alguém no transito ou no coletivo? Sentir sede e achar um tio vendendo coca-cola a 2 reais geladinha? Ah porra com isso! A felicidade tem que ser algo mais que satisfazer-se, senão eu tenho que lhe perguntar por que você não é feliz!

E não me venha com confusões de felicidade com alegria, sabes que são diferentes! Eu fico alegre quando algum dos meus times (torço pra 5!) faz um gol! Isso é ficar alegre, felicidade tem que durar mais que o primeiro tempo! E nem dizer que felicidade é inalcançável, não vou aceitar, hoje eu quero respostas!

Ah, sem esse de valor intangível, de conceito particular, todo mundo sabe o que é uma pessoa feliz quando se depara com uma, e tá o sorriso no rosto e no mesmo rosto está estampado o amor... é isso mesmo! AMOR!

Admito, este velho coração aqui ainda não se cansou, ainda acredito que a felicidade está no amor (e num sexo bem feito)!

E as pessoas que correm? Ora, todos corremos, o amor não vem fácil, o dinheiro não vem fácil, nada vem fácil, e ai, pois é ai, parece até fazer algum sentido essa caótica correria, esse lotar lugares, acotovelar-se pelos balcões, se a procura de todos for pelo amor, (e como queria que fosse mesmo verdade isso).

Mas o lindo e o errado disso tudo é que, de verdade, não faz sentido algum!

Velho demais para ser eclético

25-30.
Estou condicionado a ouvir as mesmas músicas.
Estou treinado em aceitar os kilometros que me dividem:
do trabalho.
do mercado.
das compras de natal.

Quando se dá conta está estático.
Vendo os telejornais,
curtindo as notícias trágicas [de algum lugar bem próximo]

Passo os dias em prol de uma causa nobre. [me salvar]
e raras vezes me dou conta do vício,
da mentira sedativa que isso se tornou.

Escovei os dentes no tanque,
sem ver minha cara.
E só assim, lembrei do meio mundo inerte, [inválido.]

Pensei no meio mundo,
que se limpa toda noite,
na esperança de afugentar do corpo
seu meio milhão de pecados.

E só assim, sem ver minha cara
me dei conta que fundiram minhas ideias.
Que inválido, viajo os kilometros,
aceitando as contas,
as divídas, as notícias trágicas.

Eu navego junto
a esse meio mundo e me limpo todas as noites,
na esperança...

Deveria parar de me entupir de café durante o dia...

É madruga já, madrugada alta, como dizem os antigos, o sono (maldito seja!) me abandonou novamente.
O melhor travesseiro, a cama mais confortável, um disco do Coldplay (estou até apelando) e nada o sono não chega. Meu corpo cansado pede descanso, mas os olhos ficam abertos, a cabeça trabalha, incessante, frenética, caótica. Odeio ter insônia.

O frio não ajuda muito, sinto vontade de me mexer pra espantar essa inhaca de frio, levanto, vou até a cozinha, tomo outro copo de leite (já foram 3) e nada, volto pra cama com a mesma disposição.

Devem ser esses pensamentos ditosos que tenho durante o dia, de milhares de coisas que tenho que fazer, que quero fazer, e o dia não deixa.

Pode ser também essa coisa da castração que o dia dia enfadonho deixa na gente, tudo parece meio repetição, e por isso sentir tesão (pela vida eu digo, não por sexo) é tão estranho quanto um sorriso do Serra.

A insônia é um tipo de sono sem sonho, sem descanso eu acho. Me sinto moralmente cansado, fisicamente cansado e fazer qualquer coisa é impossível. O corpo, cansado, para, os olhos ardem e fica só o cérebro me fudendo o sono, me lembrando dessas coisas idiotas que o sono devia fazer esquecer...

A insônia é um desses parceiros de jogar alguma coisa que sempre ganha de você sabe? Que você continua jogando contra na vã esperança de vencer, mas não tem chances.
Todos os dias eu luto contra a insônia, tem dias que ela, por vencer-me tão facilmente, não vem jogar, mas nos dias que ela vem eu tento de tudo e percebo a derrota só quando a claridade amarelada do dia entra pelas frestas da janela.

Também é meio culpa minha eu acho, tomo coca-cola, bebo muito café, ai a insônia vem e eu não consigo vencer...

As vezes eu penso que deveria parar de me entupir de café durante o dia, mas já me tirei tanto vício, não fumo mais (só as vezes), não bebo mais com a mesma freqüência (quase diária) de antes, não me permito mais as fungadas e outros fumos, não vou abandonar o único vício que me restou, não posso deixá-lo.

Portanto se a culpa da insônia, essa maldita, é do café... bom melhor eu começar a me acostumar, porque suportar o dia sem nenhum vício vai ficar impossível.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Em resposta ao Poeta: Dona Inspiração

segunda-feira, 23 de maio de 2011 1
Essa Dona de saia justa,
me encara todos os dias,
me fascina seu andar e suas pernas.

Me encanta sua ciência inexata,
seus olhares desafiadores,
a imensidão de sua pele.

Dona, me seduz seus segredos,
me incomoda seu cálice.

Os sábios e estudados lhe dedicam vidas.
E eu só vivo cada dia na esperança de suas migalhas.
Me reviro, bebo do meu suor.

E sigo Dona, na esperança de um segundo perdido,
de um ato sísmico que trema meus ossos,
de um beijo de gratidão.

Dona, sei do meu vício,
que cego repito e repito.

Que sem dar conta eu me livro,
numa fração de segundo fugaz,
de seus domínios e me entrego no prazer pleno.

De gozar de uma cria,
minha, não mais sua.
O copo transborda e eu regozijo.

Não sei o nome disso,
mas Dona, não pode ser Inspiração.

No descanso de Morfeu

Secura.
Dentes de vampiros limpos.
Insônia.
Dêmonios sem pernas me observam.

Mentiras.
Afogado nelas, espero.
Doença.
Essas palavras cruas que me dá de troco.

Marasmo.
Flutuo nesses cabelos de Medusa adestrada.
Anestésicos.
Moribundo me arrasto sem brilho nos olhos.

Surdo.
Navego sob a Égide da minha loucura.

domingo, 22 de maio de 2011

Nem vem dona Inspiração!

domingo, 22 de maio de 2011 0
Acordei sem vontade de você Inspiração!
Nem uma linhazinha farei porque você quer!
Vou deixar você ai sozinha, morrendo de inanição!
Hoje, eu vou ficar, olhando a tela branca, sem escrever

Não adianta me enganar, como já fez...
Hoje eu não escrevo nem fudendo sobre nada!
Sem essa de me deixar triste com algo outra vez
Você vai ficar de lado, quieta, calada!

Não sou refém de escrever!
Eu faço porque quero e a hora que querer

Pronto, consegui, fiquei um dia sem você
Vou terminar esse dia sem nada de novo pra falar!
Não vou dizer da minha irritação, nem lamentar
Vou terminar esse dia sem falar de amor, você vai ver

Amanhã, quando vieres novamente Inspiração
Baterá a porta antes, pois não sou seu fantoche!
E se numa hora perdida eu lhe permitir que me toque
Será porque eu quis, e não por sua imposição!

Voltará a tomar o lugar de sempre, secundária
Aqui quem manda são meus dedos dona Inspiração
E só vou jogá-los sobre o teclado se eu quiser!
Na hora que eu deixar, você volta ao meu coração.

E não quero nada desse alivio tosco da hora que terminar!
Que começa assim que termina a angústia por escrever...
Hoje eu vou fechar cadernos, tirar canetas, me controlar
Sou dono sim, das minhas vontades e do meu parco saber!

Sai dona Inspiração, hoje você perdeu
Estou aqui, sentado, e você ri?
Calma será que ainda não percebeu que...
Oh droga, agora que vi... já escrevi...

Teorema

Quis fazer da vida um teorema matemático.
Uma equação que a soma dos catetos,
Me dê seus dedos equivocados.

Pensei no Laplace bebendo pinga,
e nos sistemas insolúveis que me deparei.
Dai os corolários e os teoremas.

Bem dizer, quis ver ordem em tudo,
Nos seus bom dias e quando grita na cama.
Botar umas rédeas nesses alfas e betas.

Passei horas encarando Clairaut-Schwarz.
E me senti um delta menor, meio pobre, um tanto mendigo.
Depois de noites cheguei na solução, desses seus olhos de indiferença.

Somatórias me reduzem num átomo aflito,
Dividido, sufocado, viajando em fractais [e nas pernas de boas moças.]
Leibniz, que deixou esse pó vencido, trouxe a mim o entendimento,
Do pensar estranho das garotas sem rosto que eu conheci.

Na impotência do meu intelecto, roubei escritos e sumi na escuridão,
Com vergonha fugi nesses lugares de gente estranha e bebida barata.
Só no calor dos tragos de conhaque e de carinhos ordinários,
que entendi a força dos afetos.

Isso não é um discurso e nem um método,
Descartes com seus sonhos irreais
só me deram chance de ir embora.

Carregando o mistério da vida,
Desordenado entre papeis e breves histórias de amor.
Desiludido entre dias comuns, noites de suor e baixaria.

sábado, 21 de maio de 2011

O que restou...

sábado, 21 de maio de 2011 0
Agora sou o que me restou
Sujeira que enfeita o prato
Sou um pouco mais do que sou
E sou bem menos do que acho

E num dia de calor chuvoso
Numa tarde qualquer, perdida
Sou a sombra de um riso gostoso
Que se esvai no rosto da vida

Me perco e me refaço outra vez
Sou obra por fazer, mal-acabada
E é nas horas em que a noite é balada
Que sou todo, inteiro e de mim um refém

Sem perceber me termino nos cantos
E como tem sido fácil me perder
E é nas noites laranjas com guitarras em prantos
É que a vida corre fácil, e me obriga a correr...

Ta chegando o tempo de quermese?

Queimar na fogueira desse são joão que bebe pinga e adora os peitos da marluce.
Queimar o gato que levanta o rabo pra um teco de comida.
Queimar na fogueira a conversa mole das vanusas e valeskas, que também levantam o rabo atras dos seus interesses.
Também me queimem na fogueira, que na fraqueza dos meus ossos ajudei a foder com tudo.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A demora...

sexta-feira, 20 de maio de 2011 0
Como não te vi naquela noite?
Entre as luzes que piscavam na entrada?
Por que tive que deixar esse tempo passar?
Pra te ver aqui hoje, minha.

Perder, ganhar, a vida é só isso mesmo...
Uma sucessão de coisas que só importam a nós
E nós nem ligamos mais, bebemos pra comemorar
Ou quando perdemos, bebemos pra esquecer...

Tem sido o seu o sorriso que me faz bem
E dar risada com você a melhor parte de mim...

Eu me perdi muitas vezes, e poucas vezes me achei
Tive milhares de sonhos, por várias vezes apaixonei
Hoje eu te toco é tão real, que perder isso seria um mal

Me abraça de novo sim? Sentir seu cheiro no pescoço
E tudo que quero pra terminar outro dia bem...

Perdão pela demora, mas só hoje te enxerguei.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Ela e o bar perdido...

quinta-feira, 19 de maio de 2011 1
Eu nunca tive muitos motivos pra estar aqui
Ah não ser gostar do lugar, das luzes
Eu nunca tive motivos pra fugir daqui
Não queria estar em nenhum outro lugar

Você vinha, me tocava e saia
Talvez achasse que fosse a graça do lugar
Não me ligava muito em você na época
Pedia outra Brahma e ouvia outra musica

Não lembro ao certo o cheiro de lá
Lembro que tinha um cheiro forte
Sempre alguém reclamava do banheiro
Mas não era esse cheiro que tinha...

Lembro dos ventiladores no teto
Cheios de teia de aranha...
Fazia sempre frio, janelas sempre abertas
Ventava lá dentro como se fosse fora

Você se achava a atração
Controlava o som da jukebox
E quando eu entrava no bar
Colova sempre um samba ou um rock

Passava seus braços no meu pescoço
Tentava encostar as pernas na minha
Eu sentia o cheiro do seu perfume doce
E me irritava com seu grude sem sentido

E ria alto, queria todos os olhares
E recebia de volta aqueles olhos semi-mortos
De fracassados que vinham de outros bares

Quando me dava conta do cheio ruim
Da visão triste dos bêbados sentados
Puxava você pelo braço e te beijava
Seu cheiro era doce, seu gosto era bom

Seu abraço, com seu corpo magro
Era melhor que o frio que entrava no bar
Seu olhar caído, lâmguido, pidão
Era muito melhor que qualquer coisa de lá

Me apaixonei por você a cada noite
E me cansei de você a cada noite também
Ainda não sei bem o que você é
Que a cada noite ignora meu desdém

As vezes quis te levar de lá
Te jogar na moto e correr
Mas tem coisas que tem seu lugar
E você é flor daquele lixo...

Gabba Gabba Hey, revolução e sprays na parede

Play!

Falei dos anos 90 a pouco. Os meus anos de infância beijaram os 90 e com vigor juvenil de um adolescente que tá conhecendo o pinto eu deixei essa década encarando um dos maiores eventos do pop.

Como disse, nem sei o que me motivava na infância, estava fadado a ser um grande idiota, caso meus inimigos se incomodem com essa frase eu refaço a colocação, estava fadado a ser mais idiota do que sou.

Conheci certas coisas meio tardio comparado com meus amigos que já tinham transado aos 14 e já sacaram essa coisa de Kurt Cobain sair engatinhando de palco. Eu não, transei tarde e era o deslocado sem graça que odiava os amiguinhos da escola. Passava as noites com um walkman aiwa que tinha um fonão dos bons, dali peguei gosto pela música. Tinha profundidade, mas era catastrófico. Ouvia rádio e os quilos hertz disponíveis eram pouca coisa que prestava. Acho que após 15 anos nada mudou. Lembro que ouvia um programa de metal e tinha uns contos do Zé do Caixão, era engraçadissímo. E, tocava metal. Gostava daquelas guitarras pesadas, mas sempre vinha aqueles vocais e tecladinhos e isso era a morte assustadora que dava mais pânico que o Zé falando: "Vocêêê... e todos vocêsss". Era isso, guitarras pesadas e muita viadagem coberta de caveira e pose de "demo". Pra encurtar a história vou acelerar um pouco e chegar na parte que eu dei de cara com um album pirata dos Ramones, a coletânea Ramones mania, 20 faixas de genialidade e chute no baço. Revolução.

Desde então vivi 3 anos em um. Comprei livros, enchi a cara e como já disse algum rock por ai: Me apaixonei pela sarjeta. Quando me dei conta levantei os cabelos, rasguei as calças e fiz o que qualquer adolescente faria. Pior foi dar conta que estava ouvindo cólera e acreditando naquilo. É como botar Ratos de porão pra dormir. Li os malatestas, os Proudhons e sonhava em transar com Emma Goldman.

Ramones mania se multiplicou em todos os albuns dos caras, tem quem diga que são todas as músicas iguais, mas em 76 isso era de foder a mente de muito Iggy Pop e Johnny Rotten por ai. Canções com letras bocós que não saem do ouvido. Chicletão, um verdadeiro fenômeno pop. Caras que não seriam nada na vida faziam música boa e rodavam numa van de show em show vivendo o sonho de milhares de garotos. Tem quem acredita que fulano é um Poeta do Rock ou que Jimmi-Não-sei-quem maneja sua guitarra como nunca se viu, mas estamos falando de revolução. Como atear fogo na praça de maio ou realizar uma invasão em massa no pálacio central. Tudo que se produz desde então tem alguma coisa que eles fizeram. E to falando de rock e eu disse tudo.

Eles não seriam nada e estavam correndo. Desde então eu escrevo mesmo sem saber, eu tive banda sem ser nenhum Denis Chambers da bateria. E acho que não deu pra mudar o mundo e talvez nem dê tempo. Que essa pretensão juvenil eu deixo pra depois. Tiro um sorriso, pois mudei o meu mundo e isso é um bom passo.

Hoje Joey Ramone faria 60 anos, nem acho ele o mais divertido dos Ramones, mas frontman é frontman. Como já disse, me dei conta que serei um eterno viciado em recuperação.

A Pessoa Errada

E este num vale... Este foi o que postei no dia 12 e o blogger engoliu! Nem é lá essas coisas mas...

Nada parece tão solto…
É tudo bobeira, fala errada
Os risos agora são poucos
E a vida passa apertada

Dessas rimas se faz uma sopa
E jogo rimas e palavras e mais nada
E no calor dos dias chuvosos
Qualquer verdade parece enganada

E nos dias em que se confunde
Verdade e mentira, certo ou errado
Se perde o poder que unge
As respostas com o equivocado

E que serei eu no mundo perdido?
Um riso solto? Piada mal contada?
Sou um pouco do que falo e penso
E percebo que sou sempre a pessoa errada.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Nos anos 90

quarta-feira, 18 de maio de 2011 3
Nos 90 eu era garoto, numa época que o Maradona já mostrava que ia ficar gordo. Onde eles jogavam com aqueles shortinhos adidas, ainda anos 80. Bem dizer, nunca fui fã de futebol. Na verdade nos anos 90 eu era criança e não era fã de nada. Acredite. Nem dos mamonas e nem dos hits do Raça negra. Nunca tive os brinquedos mais fodas da época e por isso nem de brinquedos era fã.

Chegou uma época que fiquei fã da banheira do Gugu e da loiras do Gera samba, mas ai é sacanagem e acho que tudo mundo é fã de sacanagem, nem sei o que me motivava, ao contrário de alguns amigos, naquela época não entendia muito bem certas coisas, como Kurt Cobain saindo engatinhando do palco aqui no hollywood Rock. Cara, Hollywood Rock e tem gente que ainda faz piada de Pop in Rio.

Nos anos 90 podia fazer propaganda de cigarro então rolou de ver Cowboy fumando na TV e a Formula 1 sustentada pelos caras. Lembro que meu pai era fã de formula 1, acho que ele entendia mais das coisas naquela época. Se bem acho que ele não entendeu a história do Kurt, mas a do Airton ele vibrou. Ele que nem é tão fã de futebol, mas deixava a TV ligada nas noites de quarta. E assim a gente ficava, dois caras pouco fãs de futebol vendo TV. Ele dormia sempre e quando eu ia desligar a TV ele acordava desesperado dizendo: Eu to vendo, eu to vendo. Isso é muito cara de pai e não de anos 90, então desconsiderem isso.

Ah! eu gostava de MTV, minha irmã botou lá em casa, lembro que tinha que ajustar o canal girando um botãozinho na nossa TV mitsubishi de 10 canais. O sinal era ruim, como a programação e por ser tão ruim eu achava o máximo. Minha irmã assistia um programa de reggae lá e era muito foda. E ela comentava sobre um tal de raggamuffin e gravava os clipes mais legais numa fita VHS que que tenho até hoje. Tocava ska naquele programa, mas naquela época eu não entendia muito das coisas. Precisei de mais 6 anos pra reencontrar e entender muita coisa.

Já na infância não era ligado em esportes mas já ralei muito o joelho e os dedos andando de rolemã, lembro no dia que meu pai fez lá na fábrica dele. A fábrica era o lugar que eu muito frequentava e tinha uns figuras engraçados por lá. Lá tinha, o extinto jornal, Notícias Populares, tinha umas gostosas mostrando a bunda e o peito por lá e eu era fã disso.

A infância foi sem motivação, sei que a juventude foi bem mais divertida, os anos 90 correram assim cheio de descobertas, com sabor Fanta Laranja. De garrafa de vidro.

Ramones e Anos 90... saudades!

Eu não me acostumo
Com as roupas coloridas
Com as girias produzidas

Nem consigo ouvir
As guitarras limpinhas
As vozes tão finas

Me irrita o olhar
E é estranho ver
Esses all star`s limpinhos
Nem rasgados, tão fofinhos

Essa impessoalidade
A falsidade dos abraços
A loucura das bebidas
Tudo bobo e sem sentido

Talvez seja eu o idiota
Pregado nas coisas do passado
Onde cada um era o que era
E ser adolescente era condição passageira

Acho mesmo que é culpa minha
Sentir raiva de adultos sorridentes
Que se acham tão novinhos
Cheios de suas rugas ao sorrir

Acho que sou eu
Com raiva das senhoras mentirosas
Com botox e silicone
Que compram garotos pra desfilar

Perdi a mão eu acho
Num ano novo qualquer em 90
Onde era mais fácil ser "si próprio"
E rículo só seguir

Queria o ano de 91
Onde Nirvana era novidade
Com seus gritos e inconformismo

Hoje o Restart nasce no studio
Filho de um produtor qualquer
E esse garotos são produtos
Jogadas nas prateleiras da TV

Queria que fosse 90
Pra esperar pelo lançamento
Dos Ramones de um disco novo
Que se chamaria Loco Live
E a ultima turnê passaria no Brasil.

Nem queria ser mais garoto novo
Nem queria ter mais o que viver
Queria só um pouco de autenticidade
E ver o mundo, um pouquinho menos chato

Acho que queria anos 90
Pra não ter medo do que dizer
Pra não conhecer a palavra bullyng
E mandar todo mundo se foder

Acho que me perdi de novo
Numa curva qualquer,
da nova garota do Tchan
Num mundo ainda sem ICQ

terça-feira, 17 de maio de 2011

Coletivo Um Oito - A anarquia do silêncio

terça-feira, 17 de maio de 2011 0
Esse é um blog de poesias baratas então o video está em segundo plano por hoje, mas da um play e lê a parada do dia!

Vou sujar esse mundo!
Vou dizer o que quiser
Vou gritar palavrões pela rua!

Elevar o tom de voz...
Pra dizer coisa atroz
Ao perdido, ao mendigo
Ao povo que entra no trem...

Vou organizar rituais de sexo,
Dançarei nu em dias de garoa.
Mostrarei os dentes e rosnarei,
assim, gratuito [como todo mundo gosta.]

Desconforto é essa vida mimetizada,
desconcertante é encarnar Homero às 6 da manhã
e coragem é assumir que não existe destino. [nem fim]

Irei me conformar em ser inútil,
mas antes darei um pouco de animalidade,
Uma pensão esquizofrênica
Que herdei sem querer.

Beleza, caos e silêncio
Virão junto desse pus amarelado
Que exala desse filho renegado
Silêncio.




Corvo Laranja!

Ele sentou no meu ombro
Um corvo laranja(!!)
Em silêncio, soturno
Corvo quieto, defunto

Se curva sobre meu peito
Sem me ferir atinge meu coração
Me degrute, me mastiga devagar
Um estorno, um corvo, uma ilusão

Sentei-me, a solução é sentar
Corvo faminto pede mais sangue
Um corvo orange que quer ação

Grasna esse corvo
Grito por socorro
Voa o meu corvo
Do tédio, da solidão

Se seu alimento é meu sangue
Que revolve pulsante do coração
Se é afeto e amor que consome
Volte logo, está pleno meu peito!

Se tivesse medo fugiria
Como fujo do que quero
Se tivesse coragem sorriria
Como sorrio pro meu tédio!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sábado no Shopping

segunda-feira, 16 de maio de 2011 0
Mármore no chão
No chão os sapatos
Infelizes seguranças
De ternos engravatados

Lojas abertas
Aberta a temporada
De caça ao preço
Preço que acha bom

Coloridos lojistas
De polo, suados
Num sábado lotado
Sem opção!

Ar-condicionado
Condicionado fulgor
Dos dias perdidos
pobres dias sem amor

Cartão de crédito ou débito?
Pra presente? Pode embrulhar?
Parcela em 5!
Leva um pro seu filho!

Aceita cheque?
Faz o cadastro
Do consumo isso é lastro
Um fim pra existir

As mesas lotadas
Conversa bem alta
Porque fala gritando
Quem não sabe oque dizer

E todos de carro
Que lota o asfalto
E o estresse é alto
Não tem onde estacionar

E tudo é problema
O frio, o calor
E a falta de tempo
Torna tudo um horror

Das pessoas que correm
Que compram com pressa
E os dias que perdem
Nesta casa de louvor

Louvor ao dinheiro
Ao cartão! Até ao cheque
Eufóricos se esquecem
Das contas a pagar

As ruas estão vazias...
E a cidade semi-morta
Renasce, sem personalidade
Nos corredores sintéticos
De um shopping qualquer

Sou pouco nisso tudo
Sou luto neste sábado
Que passo perdido
Nesse templo proibido
Nesse tempo sem pudor

50 em 1.

Play! Par Avion - FM Belfast

Agora a gente acorda nos domingos,
com esses cinquenta e poucos no olhar.
Cheios de saudades quando era só quebrar garrafas,
agora a gente acorda sem encarar os espelhos.

Todas nossas conversas caem nas lembranças,
quando a gente ia se preocupar.
Quando o que importava era o caminho [não o fim.]

domingo, 15 de maio de 2011

Nem sempre é o melhor...

domingo, 15 de maio de 2011 2
Não é ela, está tão claro que não é
Mas hoje terá que ser ela, sem pensar
O prazer, vem, claro que vem...
Mas no fim é só vergonha, só pesar...

Tira-se a roupa mecanicamente
Cada um com mais pressa de terminar
Ela quer algo mais, mas o sexo compensa
Eu quero, pelo menos por hoje, aliviar

Ser homem é difícil, se começa não pode parar
E ir até o fim quando não se quer é horrível
Ela goza, eu gozo e já é hora, vá embora...
É nojento, eu sei, mas hoje é o que temos...

Fico na minha cama, sozinho
Ela parte, não sinto frio

Não vou querer de novo... Sem outra vez, dessa vez
A verdade é que a palavra aqui é nojo
E sou escravo doente das vontades que tenho...

Medos quase infantis

A música do dia: Chickenpox - Anything you say

Medos quase infantis preenchem o ar.
Nesses cinco metros quadrados
ela se revela com seu salto-alto.
A luz baixa só permite que veja sua silhueta.
Logo ela se aproxima,
Encaro seu riso que se perde em pecado.

Me afundo nesses lençois e cortinas.
Num domingo que poderia ser eterno.

sábado, 14 de maio de 2011

Deus, Mamilos e Sonhos de Pobre!

sábado, 14 de maio de 2011 1
E Deus me fez sem seus problemas
Sei lá mesmo se Deus me fez
Tenho tanto defeito comigo

Que tenho nojo do pobre perdido
Que deve ter infecção até no mamilo

Mas...

Acordei bem longe essa manhã
Num lugar, distante que não queria estar
Acordei e tinha que pegar o ônibus
Contei moedas pra passagem pagar

Não, não sou assim o pobretão!
Sou gente de bem, honesta (hipócrita)
Que mora feliz na mansão
Que compra besteira em qualquer loja

Mas acordei no fundo do barraco
Numa biquinha perdida em Itaquera
Acordei com a camisa puida do Corinthians
E parti, de busão, pra casa dela

E ela quem era? Ela é minha patroa?
Num bairro longe, de gente como eu era (ou sou)
Acordei e achei que era sonho...
Acordar e ver o orvalho molhando a favela

Era tosco o caminho do busão
E dormia e acordava quieta!
Não sai desse sonho em vão..
Acordava e ainda era pobre e discreta

A perua que sou e me faço
Era uma morena de traços gentis
A perua que perdeu-se no espaço
Semi-puta maquiada mais que o Kiss

Acordei na minha cama de setim
E meu marido (dono?) olhava pra mim
Levantei e fui a pia do lavavo
E agradeci por ainda ser assim?

Uma puta bem paga e safada!
Mas uma puta que mora nos Jardins!

Aromas e sombras

A música do dia: El guincho - Bombay

Noite tem cheiro,
mil nuances diferentes.
Como as tonalidades desses laranjas,
que acompanham cada poste.

E tem as noites de perfume,
como as fragrâncias de mulher
que a gente tem vontade de degustar.

E vagamos pela madrugada com esse desejo.
De devora-lás.

Noite tem cheiro, como as mulheres.
Mas passamos a vida toda fascinados,
sem de fato te-lás.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Meia dose de veneno

sexta-feira, 13 de maio de 2011 0
Bom, isso precisa deixar de ser tão impessoal, então a brincadeira é assim, você da play na música e espera uns 30 segundos, porque sempre escrevo pouco e se for rápido não vai ter graça. Escuta a música e lê o post. A música de algum modo tá relacionado com o texto. Foi a música do elevador, era a música da jukebox, era música que a gente sempre ouve, era a música que queria tá ouvindo naquele momento, sei lá algo do tipo.

A de hoje é essa: No Age - Glitter

Não descobri um jeito decente de colocar a música aqui, então vai a versão do blip mesmo por enquanto. Dá play e bora ler...


Infame essa donzela,
que arquiteta contra.

Sempre do contra.
Contra o seu amor,
contra ela mesma.

Estranha essa moça,
com sua fala alta de tão assustada.

Infame essa serpente,
que dá frutas sem critérios.

Injeta o veneno,
estátua de pedra,
ela arquiteta [contra o seu amor.]

A sombra do sorriso que ela provou...

Percebo que ficou frio de repente
Acho que foi uma brisa qualquer
Que entrou no quarto bagunçado da gente
Onde a noite foi longa e não estamos de pé

E vi que as janelas estavam fechadas
E o frio vinha da gente, como tapas
Sua mão nervosa estava agora parada
E a noite já era a noite passada

O que perdemos nessa noite?
Acho que deixamos pra trás...
Aqueles sonhos de coisas eternas
Nossos olhos de brilho fugaz...

Abracei, tem horas já, o seu corpo
E o calor ainda estava lá...
E agora lembrando ainda sinto o gosto
Quente e macio de tocar...

Sei, vamos ter outras e outras
Virão sim mais noites, quem sabe pra provar
Que o passado, que foi bom, é passado
E os sorrisos que já trocamos não trocamos mais

E no seu rosto ainda vejo o mesmo o rosto
O sentimento é que, eu sei, já mudou
Ainda enxergo a mulher dos meus sonhos
E no fim do meu lábio está a sombra do sorriso
que ela provocou (provou)...

quinta-feira, 12 de maio de 2011

O morcego e o monstro

quinta-feira, 12 de maio de 2011 1
Veio.
Qual um morcego tateando as paredes.
Cego.
Suícida.

Veio.
Qual um morcego recebendo as ondas,
disfarçando grunhidos.
Suícida.

Veio.
Qual um monstro.
Semi-morto.
Semi-crente.

Veio o morcego e o monstro.
Um tanto enganados,
um tanto vencidos.

Perdidos entre os sinais,
da névoa, do ar,
de todas as partículas,

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Adriana Calcanhoto e física quântica

quarta-feira, 11 de maio de 2011 0
Ela se parece a Adriana Calcanhoto lá no fim dos anos 80. Esse foi o apelido pra moça de rosto delicado, cabelo curtinho, pele branca e sorriso arrebatador que meus amigos lhe deram. Adriana Calcanhoto, realmente se olhar bem parece. Corpo míudo mas ela toma espaço, todos a reconhecem e conhecem, de longe e de perto.

Cuidado no cabelo, na roupa, nada lhe escapa e deve ser por isso que chama tanta atenção. Figura sempre presente nesse lugar de destestáveis, com caras tatuados, moças com roupas sujas e tipos estranhos que só bebem, como eu. Já disse que todos a conhecem, então, seu rosto quase angelical não passa sem arrancar olhares, até das moças. Ainda não sei porque ela sempre aparece, deve ser pra dar uma animada na sua auto-estima. Ela estudou física numa dessas faculdades públicas, mora num apartamento bacana a duas quadras da augusta e sempre tem tempo e dinheiro pra viajar pelo mundo.

Mesmo com a cara de menina não esconde que já deu uma passadinha dos trinta anos e hoje ela veio com uma faixa no cabelo como aquele famoso cartaz da pin-up mostrando o "muque". Sorridente como sempre, fala com todo mundo. Reconheceu um povo, conversou um pouco com os garçons e logo puxou uma cadeira, sentou na mesa e começou a falar. Ela acha eu e meus amigos pra lá de estranhos mas de algum modo ela gosta de conversar com gente.

Não entendo nada dos filmes que ela assisti e me deixa pra lá intrigado como paga as suas aventuras com seu emprego mediano num laboratório que faz sei lá o que. Bom, no fim não me interessa. Me assusta toda vez que ela chama um suco de laranja, pois é, Adriana Calcanhoto não bebe, mantém sua alimentação repleta de frutas e verduras. Essa Adriana também gosta de samba e MPB.

No fim ela é tão estranha como esses caras tatuados, sei que ela busca abrigo com esses leões sem vontade. Ela é um daqueles olhares de meia idade que me assustam, de algum jeito ela perdeu as esperanças e aflita tenta ser, e se convencer, que todas as bobagens que ela um dia acreditou são possíveis e verdadeiras.

Dou aquelas risadas sem jeito e continuo a beber descontroladamente, estou no grupo dos caras que não quer te comer e nem tem interesse nas suas histórias e isso gera uma atmosfera que intriga essa Adriana Calcanhoto, de roupas modernetes e bem cuidadas. No geral estou pra lá de bêbado e não posso negar que seu bom astral me tira umas boas risadas. No fim tudo fica bem, chega um cara sempre mais estranho que também está no grupo que dos que não quer te comer e ela sai, com seu suco de laranja até outra mesa. Se auto-estimar.

Coletivo Um Sete - Fui tão pouco...

Do prazer de te ver, te ter, te tocar
Respiro esse gás como clemência
nos intervalos que não estou lá dentro.
Das horas, perdidas horas, que posso lembrar

E quanto nos perdemos, em noites de não pensar no depois
Dos sorrisos que viravam lágrimas, pela tristeza do que sóis
Nos instantes que alucionado comi teus sabores
e arrependido solucei no mesmo lençol [que você dormiu com culpa.]

Já fui tão pouco pra ti, quase te usava, quase saltava de alegria.
E de repleto ficou o peso que sentimos ao saber do dia.
Que gente ia, que gente tinha, que nós podíamos.

A coragem fugaz se dissolveu no café vagabundo,
que reflete nossa vergonha sem cuidado e destreza.
A única fome é sair correndo e lembrar dos tempos,
que a gente ia, que gente tinha...

Sei que sentes saudades, quando ainda não tínhamos o conhecido.
Do tempo em que o mundo e o tempo eram brinquedos em nossas mãos
E não ficávamos durante nossos dias contando moedas perdidas
Não enxergávamos nem respeitávamos o que agora nos controla:
O medo.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Manhã...

terça-feira, 10 de maio de 2011 0
Não vi mais as donzelas
Não vi mais nenhuma delas
Nem perdi mais meu tempo
Com as manchas no lençol

E quem sabe o que é?
Essa imagem difusa do futuro
Imaginada figura que passeia

Povoa meus sonhos,
Sujos e rotos
E tudo mais, agora
Parece tão pouco...

Nas manhãs acordado
Do suor e do seu toque
Ainda sujo e melado
Entre suas pernas ainda grogue

A manhã nos levanta
Maldita manhã
Que me tira de ti

Manhã que me lança na rua
E nenhum lugar poderá ser melhor
Que qualquer cama onde deitares nua

Dama, Valete. Um monarca vitorioso II

Quero te sufocar nos meus braços.
Quem sabe assim seremos uno [como nosso suor naquela noite]

Sufocar-te.
Quero te sufocar usando
os dentes
os dedos
a boca.

Estudo possibilidades de usar
os joelhos
os olhos
a língua.

Incontrolável desejo
de consumir
de estremecer
de extrair

Quem sabe assim eu sinta mais
seus fluídos secretos
tua saliva
suor & pele.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dama, Valete. Um reino de mentira, um monarca vitorioso.

segunda-feira, 9 de maio de 2011 1
A quem diga que sou rei.
pobre.
De povo incrédulo
e castelo devastado.

Mas senhores eu guardo nas mãos
as vitórias que todos o deuses desejaram.

De te-lá entregue, rendida.
de possui-la, de explora-lá.
De ter seu gozo e teus gemidos.

Becos...

A luz não sustenta, fraca luz
Iluminar esses becos é loucura
Becos onde putas carregam sua cruz...

Os becos são sujos, feridas em pus
Forte cheiro de urina no ar
Onde uma puta sem brilho ainda seduz

Ninguém fuma maconha, ninguém mais
É o cachimbo que cai no chão
E viciados são do beco a raiz

Rua perdida, perdidas suas musas
Que de dia são sombras...
E nas noite se abusa...

domingo, 8 de maio de 2011

Sabe história de amor que a gente conta e desconta...

domingo, 8 de maio de 2011 3
Sabe história de amor que a gente conta e desconta, estou nessas de reinventar as aventuras que não vivi e todo mundo de algum jeito já conhece. Não é tarefa fácil escrever um romance sob encomenda. E estou nessas, num profundo poço sem dose alguma de vontade, vontade de sair de casa, vontade de trabalhar e sem jeito de buscar no emaranhado das minhas historias alguma saída pra esses conflitos de novela das nove. A Ruth que por meses sai por ai não me inspira nem uma anedota, sei que por ai já fui motivos até de trovas, mas nem o punhado de decepcões me motivam uma linha, nem me dão o direito de resposta. Enfim, abro o conhaque e vasculho as poucas páginas desse romance ainda sem nome e penso que pouco cobrei pra dar de cara novamente com as mulheres que me negaram. Esse romance ainda sem nome mora em algum lugar, talvez na sua estante, nos meus dias ou até nas suas próximas semanas.

Não importa, só quero mesmo me livrar, desse romance sob encomenda.

Ontem... E nunca!

Tarde da noite, já bebi...
Mas hoje nem bebi demais
Noite já tarde, onde estou?
Em que passo da noite tropecei?

Seguro essa noite, posto que ninguém me segura
Com os olhos vidrados nos olhos de quem fala cuspindo
Falei tantas coisas, bati com vontade
E no alto da maldade eu também cuspi

Gritei as bobagens as velhas e as novas
Não senti nenhum soco ou gosto ruim
Só queria afundar no rosto do patife
As merdas que dele eu ouvi!

Não liguei pros amigos e quase os perdi
Eu fui tosco, o bandido, e idiota eu feri
Nas loucuras da briga eu não sei que falei...
E pedir perdão, agora envergonhado, é tão pouco...

Mas hoje, lembrando o ocorrido e passado
Lembro que eram 3 os bastardos paspalhões
E os 3 me empurraram e socaram-me o rosto
E tão falhos e toscos não tiraram sangue

E eu, tão trouxa e cabaço achei isso o máximo!
E nos flash da briga não sei quem perdeu...
Só sei que o mundo é mais que um insulto
E perder dentes, eu digo, não é algo meu...

sábado, 7 de maio de 2011

A riqueza entre dois dedos

sábado, 7 de maio de 2011 1
Já fui dono de uma rua
De umas historias
De algumas putas

Já fui dono de mim mesmo
De umas moedas,
E uma vez me convenci
Que já fui dono do vento

Certa vez botei um cercado
Trouxe amigos, fiz escrituras
E no fim chamei de meu.

Mas só me dei conta que era rico
Quando vc disse que era minha
Que sua boca era unica
E seu ventre meu retiro.

Lanche de Pernil

A bola corre, se bate na bola
Bate mais forte meu coração
A bola decide, a bola que rola
Quase matando de angústia a multidão

Corre o menino, sorrindo ele corre
Atrás do seu sonho, chutando a ilusão
Se chuta no canto, no cantinho ela morre
Explode o estádio de emoção

Grita a torcida, cantando ela joga
Longe ou perto, não torce em vão
Se perdem choram, por vitória se roga
Tão triste, tão pouco, se perde a razão

Futebol é amor, amor não se explica
Não se explica o que só se pode sentir
Me diz há algum sentido nas lágrimas na grama?
E me diz, existe algo mais belo?

Da corrida ao gol... do gol ao mundo
É meio bobo, mas é profundo
O grito e o sentimento despertado
Pelo gol e pelo estádio lotado!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Mil anos adormecido

sexta-feira, 6 de maio de 2011 0
Esperar é um fio maldito.
Que a gente se esquilibra.
Com medo de andar,
com medo de cair.

Esperar é um cálice de raiva.
Que os nossos nervos nunca estarão prontos
[pra esse choque]

Esperar é uma névoa 
ou um trem sem destino
Lotado e cheio e quente.

Esperar não é um prato,
Mas a gente engole com frieza.

Qual é o nome?

É calma e escuro
E molhado e bom
E nem calmo ele é!

Quase um soco na cara
Quase tudo e mais nada
Sai o suco do suor que causou

De o nome que quiser
Não preciso do nome
Faça de fato o quanto puder

Sigo o faro do fato
Que sem isso sou fraco
Um pobre coitado qualquer

E se a vida for longa
E isso eu não puder ter
Digo sem excitar:
Que prefiro morrer!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Calendários e Feriados em Camburi

quinta-feira, 5 de maio de 2011 0
Era um dia, mais um dia qualquer
Que passava pela janela semi-aberta
Num prédio esquecido de uma rua a esquerda

Com desejo ela olhava o calendário na parede
Aquela imagem de uma praia desconhecida
Que permeava seus sonhos, esvaziava sua vida

Era papel de parede no seu desktop
E entre alt/tabs sempre ela via
A intocada, sua praia perdida

No metrô, nos comerciais de tv
Procura encontrar a imagem que fascina
E no quarto do velho prédio sonhava sozinha

Que segredos procura guardar?
Olhando fixamente a imagem parada do mar?
Quis tanto o fim nas areias, o que esperar?

Era quinta, outra quinta qualquer
Seu destino mudou, mudou sua vida
Espera o ônibus, procura sua saída

Descer a serra, ver o mar, sumir
Entre as areias desconhecidas
Desejar com medo se destruir

Ela queria sua praia, viver
E nas areias molhadas de Camburi
Pobre menina, quase nada pôde fazer

Acabou o feriado, e a imagem está lá
Ainda permeando seus sonhos dourados...

Sua vida é uma espera, quem sabe tem fim...
Um fim onde todas as horas são dela,
E os tais dias úteis são dias de fugir

Escondam suas bandeiras

Ei! Bravos e Bravas.
Escondam suas bandeiras,
suas máximas.

Façam uso da navalha,
com a destreza de um madame satã.
Escolha o modo,
afeminado ou um viking retardado.

Não importa,
Só afie a navalha,
junte meias limpas e novas toalhas.

A nossa face já não aceita essa pensão
programada, dizimada.
Herdada na nossa tão esquecida história.

Me junto aos que enchem garrafas de gasolina nos quintais,
nas redações de trincheira que emitem frequências dessa revolução.
[silenciosa]

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Escuro Demais (Tentativas de novos temas)

quarta-feira, 4 de maio de 2011 5
Era escuro demais pra ti e pra sua pele branca e seus olhos iluminados...
Era tempo demais pra mim, que tenho vivido demais e me jogar tem sido parte do jogo
E ver você, no escuro perdida, é assistir ao fim chegando logo...

Acho que era noite demais pra ti, com toda aquela música e confusão
O tempo era passado nos passos da música e na música em si...
É uma brisa de ontem que esbofeteia meu rosto, e sacode teu corpo

Procurava seu toque, como procura a terra o naufrago
Mas você disse que era noite demais pra ti, que era hora de partir
Não te pedi pra ficar, palavras nunca bastam, queria seu afago

E era noite demais pra mim quando você se foi
Ficar era a pior opção que tinha
E te seguir era correr atrás de sofrer

Entre ficar e partir, entre amar e desistir...
Eu não fiquei nem te segui, outro caminho vi passar
E no balanço de outros mundos eu parti

Mas ainda tem essas noites onde o meu amigo é o copo de conhaque!
E o meu flerte é com outra garrafa de cerveja,
E você o melhor dentre os motivos pra blindar...

Aqueles olhos

e teus olhos.
um tanto negros
um tanto eufóricos.

Congelaram.

E fui embora com a certeza
que nunca irei remediá-los.

terça-feira, 3 de maio de 2011

on/off

terça-feira, 3 de maio de 2011 3
A TV ligada mostra um filme inútil,
a cama treme no nosso último ritmo.
As paredes viram sulfites coloridas.

Ela grita, acorda os vizinhos.
Eu perco a cabeça e nem me importo mais.
Ela geme e solta uns palavrões.

O quarto úmido congela os segundos,
a sua testa franzida é meu monumento.

A TV desligada reflete imagens assombrosas.
Escondo na cama meus pensamentos maldosos.
As paredes desmancham como papéis molhados.

Ela corre e ri e morre...
em outros braços.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Solário, ratos, baratas e ouvidos destreinados.

segunda-feira, 2 de maio de 2011 1
Esses dias ouvi falar sobre ratos e baratas,
Esses dias eu li algo sobre sobreviver.

Botei o relógio pra tocar na mesma hora
e acordar nú, trépido e faminto.

Esses dias foram de frio, com o Sol gritando.
Outra ironia que gela os dedos e o peito.

Esses tempos eu vi morrer,
as palavras, a minha sede, as crenças e os sonhos.

Esses tempos vi de perto os olhares mortos de meia idade
e junto deles somei, sumi.

Esses dias o suspiro amorfo veio junto do sono.
Os ossos se renderam na cama fria.

Mas hoje eu ouvi dizerem sobre ratos e baratas.
Hoje eu li algo sobre sobreviver.

Foi assim que percebi, que só precisa coragem pra continuar.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Amor de muito longe

sexta-feira, 29 de abril de 2011 1
Hoje senti saudades dos meus versos proféticos,
Deve ser as férias longas ou a idade destruidora [que afastam as minhas certezas]

Hoje senti saudades das minhas verdades,
As cegas e as possíveis.

Senti saudades das mesas
e quando a gente ria sem se preocupar.

As garrafas se acumulam na sala.
As roupas suadas exalam o cheiro nativo do álcool
E de um amor que se perdeu em algum lugar.

Arco e flecha aos querubins

você queria um bilhete
E eu atrás de um alívio.
Você queria atenção
E eu estar bem longe.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Joan Jett do agreste

quinta-feira, 28 de abril de 2011 3
Faz tempo que perdi a habilidade de escrever as meias poesias que tantas vezes me convenci que eram boas. Faz tempo que ela ia no bar e ria comigo.E pensando nisso, hoje fiquei, no banco, solitário, alto nas minhas garrafas de cerveja. No mesmo bar esquecido, que nem ela e nem eu voltou mais. Só que hoje, hoje eu fiquei até mais tarde, no alto das minhas cervejas, nesse bar esquecido.

E as vezes ela volta, a minha Joan Jett do agreste, que mora perto da República com seus três gatos, que tem nomes que eu me recuso a decorar, só pra deixa-lá brava. E assim com três toques no meu ombro surje a moça de calça colada, cabelos negros e seu semblate soturno. A minha Joan Jett do agreste. Ainda bem que sem os gatos, mas com a mesma risada que tantas vezes decorou as madrugadas que a gente ficava enchendo a cara na sua sacada.

Ela diz que estava longe, bem longe, daqui e do agreste. Lança o riso, arranca um meu. Ela diz que sumi, eu arrisco, hesito, ela sabe.

Silêncio.

Seus olhos estudam o velho bar, acho que confere se algo mudou, se na janela ainda tem o mesmo pó de antes. Ela sabe, entende. Meu olhar no seu decote é como se disesse que no pó estamos nós, buscando refúgio em noites já vividas.

Eu encaro mais uma cerveja, ela encara seu meio martini meio éter concentrado. Passam duas horas e ela já sabe que eu nem mais hesito, que nem mais me arrisco. Ela fala que vai se mudar, pra um lugar melhor, onde os vizinhos não brigam tanto, onde o olhar do porteiro não reveze entre sua bunda e olhos congelados de pudor. Quem diria Joan Jett me convidando pra zombar o porteiro, pra uma bagunça de fazer inveja aos vizinhos, eu desvio, mesmo com a persistência de suas pernas.

Me permito o riso, agora ela é a moça aflita que defere carinho aos gatos e assustada convida um cara por noite pra zombar o porteiro e os vizinhos. Agora sou o cara que não hesito, não arrisco.

A Joan Jett dos meus sonhos, de um agreste próximo daqui, da praça da República deliquente, ajusta sua calça colada, vira de uma vez seu décimo meio martini meio éter concentrado e some com três toques no meu ombro.

domingo, 24 de abril de 2011

Gosto de cigarro II

domingo, 24 de abril de 2011 0
Gosto de cigarro
Cheiro de cigarro
Nas roupas, no cabelo
Nas mãos, nos dedos

Cigarro que na mão aos poucos queima
E é sugado com a vontade que nós sugamos a noite
E como nós se desfaz pelas bocas

Fascina-me a fumaça,
que dança e some, livre no ar
No fim é um demônio!
Que entrega prazer e,
como troco, lhe rouba uns dias

E lhe dá sorriso, motivos pra conversar
Nessa calçada lotada, na frente do bar

Mas quem se importa?
Gosto do cigarro
Do cheiro do cigarro
Do asco das pessoas
Dos olhares de reprovação
Eu quero mesmo é uma enfisema!

Por isso, essa noite,
eu lhe chamo pra sair
Para que dance livre no ar
E me dê mais motivos pra sorrir

Você, a fumaça e o prazer
Sem saber onde vamos parar
Esperando qualquer coisa acontecer

Só quero que se desfaça em minha boca
Mesmo que me deixe negro por dentro
Deixe seu cheiro incrustado em minha roupa

Até chegar no filtro,
Me jogue no chão!
Mas pise em mim...
ainda estarei acesso!

Eu queria jogar fora seu sorriso

Brilha, brilha o fogo que me queima
Castiga! A azia e a dor que desnorteia
Mentira... o fogo e a vida descem a ladeira

Saudades, do calor da flor que me odeia
Na verdade não há mais nada que me incendeia
A não ser o fogo que me toca o fogo que me beija

Desperdício, me desperdiço, me quebro
Sou pouco, sou cinza... um calor que se esvai

Queria torrar meus pensamentos amorosos
No calor que deixou acesso no meu peito
Eu queria jogar fora seu sorriso

Quero... desejo
Eu não posso!

Ouço o barulho vago do gás
Respirar...
Respirar...
Falecer!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Olhos e pele branca

sexta-feira, 22 de abril de 2011 0
Olhos e pele branca... branca flor que sorri
Olhos em que me perco, e me perco feliz
Na dor de não lhe ter e, sei lá, se vc me vê
Nos eternos caminhos errados de nunca saber

Me arrisco e me jogo, grito pra você me olhar?
Ou vou aos poucos, jogando, esperando tu perceber?
Não há certo se o que sinto nem me permite raciocinar
E nem errado se o que quero se resume a você...

No balançar do seu cabelo espero a vida me levar
Me tira do centro, concentração que vai embora...
Não sei se o cabelo ou a nuca que me faz sonhar
Sei que meus olhos ao te ver são os olhos de quem adora.

Assino ou não assino o que quero lhe contar?
Sobre a pele branca coberta de roupas sempre escuras
E passam horas do meu dia e vou sorrir do seu all star
Imaginando se um dia será minha essa felicidade pura...

terça-feira, 19 de abril de 2011

A noite que leva

terça-feira, 19 de abril de 2011 4
Com pompa e satisfação
A noite vem e anuncia:
É proxima a hora que os dêmonios chegarão.

A noite dilacera
e o câncer toma meus dedos,
os pulsos, caem os cabelos.

Já não sou eu no espelho...
Não, já não sou.
Segurando o braço da noite.

Que arrasta esse moribundo,
com as unhas de descuido
e a pele suja que essa morte me deixou.

E não tinha anjos pra salvar
E acho que nem queria ser salvo
De nada me valeria um ser sem sexo

Meio inocente pagando pecado alheio,
meio idiota levado na maré.
Será que tem culpa quem não sabe o que quer?

Ela diz que foi erro,
desespero.
Ela diz tanta coisa...

E logo ela que criticava a vaidade de outra.
Se enrolou tanto...
Que não importa mesmo o que diabos ela falou.

Fiquei triste, junto aos meus dêmonios,
por ver ela ir, com seus erros,
palavras e sua inútil vaidade.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Gosto de cigarro

segunda-feira, 18 de abril de 2011 1

Gosto de cigarro from Thiago Hernandez on Vimeo.



* Só pra constar

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Esse é o relato mais triste que já se ouviu falar.

sexta-feira, 15 de abril de 2011 0
Eu nunca fui bom em previsões, sou desatento demais pra isso. Sou um desses avoados, como diz minha vizinha. Mas já faz umas semanas que sinto algo estranho, me sinto mais deslocado que o normal. Ela me beija e foge dos meus olhos, ainda assim diz que me ama, mas não sei. Esses tempos, são de mudança, de escritórios friorentos e coxinha no almoço. E ela, diz que me ama.

Esses tempos estou averso aos amigos, ao chefe, a ela e a mim mesmo, pois fiquei desconfiado demais, solitário demais. Acho que tinha um pouco das previsões, que de subito iam me atacar, dessa vez eu senti bem na goela, e ficou entalada. Ah meu amor, as minhas previsões dessa vez foram um tiro, foda-se o alvo. Um tiro.

E hoje quando subi aquela rua, na quase uma hora de espera eu fiquei pensando num jeito de escarrar esse troço, que agora eu chamo de previsões. Subi a rua num tom de despedida, tive a certeza que seria o fim, lembrei das histórias que tive naquela rua, muito antes dela voltar.

Daí senti saudade, quando era um sujeito meio Kerouac sem Cassady, ou quando era os dois juntos, pensei nas vezes que flutuei nessa rua bêbado, quando fui roubado nela e quando eu que roubei. Essa mesma rua que moram as garotas da faculdade ao lado, a rua que elas vão pro bar e robotizam tudo pra não perder o penteado. Continuo um tanto inconsequente, mas a idade me deu uma certa sobriedade pra sacar que isso passa, como as garotas no bar, como essa rua, que hoje, tive a certeza que nunca mais vou ver.

É assim com um tanto de gente, tem as que nunca mais voltam, tem as que somem e desaparecem. Como as ruas que a gente vira a toda hora, sobe, desliza. Tem as placas sem nome, as esquecidas e as sem saída.

Estou averso a esse monte de falácia.

Dessa vez eu disse adeus, pude entender que as coisas tem um fim. Que a gente muda depressa, a idade não nos abateu tanto assim, amanhã a gente muda de opinião, de roupa, muda os sonhos e inclinação politica. Não, isso nada tem a ver com fugacidade, só sangue, desespero de quem acha que a vida pode sumir mais rápido que a gente dê conta.

Já virei pra outra rua, seu nome? nem me importo.

Adeus.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Uma menina suja e bem vestida

quinta-feira, 14 de abril de 2011 0
Noite fria de São Paulo
Maldita São Paulo estéril
Onde mentiras são contadas
Onde verdades são mentidas

A suja e linda São Paulo megera
Dos becos e dos viciados zumbis
Que alucinados brigam pela última pedra
Tragando a morte pra ser um segundo feliz

Dicotômica cidade de felicidade a ruir
Dos bares lotados de sorrisos
Dos shoppings, templos pra se consumir
Das putas sujas e seus perigos

Da noite livre onde manda a grana
Dos carros cinzas de vidros fechados
Dos moleques, pelas ruas, que ela ama
Que roubam, sorrindo, os carros parados

Onde o balcão do bar vira teatro
E bêbados falantes são atores
De uma peça onde não há errado
E esses bêbados fracassados são senhores

A São Paulo da noite fria
Fria São Paulo que finge não ver
Que em suas periferias se faz a sangria
Do povo que faz a cidade acontecer

Perfeita São Paulo que olho com horror
Uma menina suja e bem vestida
Que não desfruta da paz merecida
Mas vê no peito de todos seu amor

Amor tão profano por uma mãe que desejo
Que despedaça nas calçadas sujas do medo

Despertando com o frio da goroa suja
De um sonho onde minha alma arrependida era sua

quarta-feira, 13 de abril de 2011

C(h)eia de Dentes

quarta-feira, 13 de abril de 2011 0
Todos rodeiam a ceia.
Com dentes a mostra,
meio corcundas e ariscos.

Todos rodeiam a ceia.
Como hienas.
Sorrateiros.

As moças e seus olhares inocentes,
os homens e seus musculos relaxados.
Todos imersos em seus erros,
encobertos com suas sujeiras.

Já esperam o pior das suas companhias.
Exalam veneno e enchem a cara.

Escorpiões estrangeiros preparam o seu rabo
em serpentários malignos
Como travestis prontos a atacar

Segurando suas esperanças, seu amor
Já que não há nada mais que se possa perdoar
Mentiras são, mentira é.

As meninas perdidas em absintos
Sentidas meninas sem pudor
Caçando, sôfregas, a redenção

Com seus homens soltos pelas ruas
Porcos homens otários sem saber
Para onde corre seu desejo, seu prazer

E na velha ceia pintada na parede
De uma velha igreja longe daqui
Onde santos sentavam-se a mesa
Havia já um traidor a sorrir

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Perfume... de mulher

quinta-feira, 7 de abril de 2011 0
Tem essas memórias, adormecidas.
Que explodem em cada nuance,
das minhas destreinadas narinas.

Fico em transe, in vitro.

Nesse instante fico fraco.
Analfabeto.
Poeta.

Aos poucos a vista volta,
os sentidos acendem.

Toda vez que isso acontece
eu fico mais certo.

se um dia escrever algo decente sobre perfume de mulher,
é hora de levarem minha consciência, meus ossos,
o juízo que me resta ou até minha alma.

Se um dia escrever algo decente sobre perfume de mulher.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Cinzas que falam

quarta-feira, 6 de abril de 2011 0
Brilha, brilha o fogo que me queima
Castiga, a asia e a dor que desnorteia
Mentira, fogo e vida descem a ladeira

Saudades, do calor da flor que me odeia
Na verdade não há mais nada que me incendeia
A não ser o fogo que me toca e me beija

Desperdício, me desperdiço... me quebro
Sou pouco, sou cinza, calor que se esvai

Queria torrar meus pensamentos amorosos
No fogo que deixou acesso no meu peito
Queria jogar fora seu sorriso

Quero, desejo... não posso
Ouço o barulho vago do gás
Respirar... respirar... falecer...

terça-feira, 5 de abril de 2011

A noite vem...

terça-feira, 5 de abril de 2011 0
Vem a noite do abraço frio
Vem a noite, a noite que me partiu

Com seus olhos viciados,
de vidros velhos e trincados.

Vem a noite, a noite louca
Que fedendo a cigarro me beija a boca

Que me esconde em sofás sujos,
Com cheiro de sexo, imundos

Vem a noite, não quero saber
Se tudo der certo, vou me foder

Pra rastejar entre as vielas,
E quase decrépito procuro suas pernas

Vem a noite, a noite vem
E no fim da noite ninguém tem ninguém

Nessa noite longa, onde todo sim foi não
Quem foi esperto não esperou nenhuma salvação.

Vem a noite, a noite livre
E quando a noite acaba ninguém mais vive...
 
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