quinta-feira, 30 de junho de 2011

Gratidão

quinta-feira, 30 de junho de 2011 0
Que vazio é esse, que só o Senhor pode preencher?
Amargas são minhas palavras e corrompidas minhas ações,
Em meu ser há um lugar que somente Ti pode pisar,

Ao me alimentar com os porcos, pensei estar feliz
Ao me prostituir, pensei ter prazer
Ao me embriagar, pensei estar alegre!

O que aconteceu com minha visão?
O que eu fiz com meu corpo?
Cadê o meu amor?

Miseráveis são meus pensamentos,
Como és capaz de me amar?
Morreste em meu lugar!
O que eu posso fazer para lhe agradar?

Se nada sou,
Nada possuo,
E o que há em mim, não te afaga.
Ainda sim, lhe entrego minha vida, minhas dores,
Minhas feridas, minhas lágrimas e acima de tudo,
Ofereço-lhe minha gratidão, não apenas pelo que És,
Mas, pelo o que fez por mim!

Coisas dos dias...

Esticar o meu tempo
Caber nos seus momentos
Lamber as feridas do seu dia

Sugar o prazer dos "oi's"
Te abraçar de olhos fechados
E não dizer nunca adeus...

Apertar sua mão
Embaixo do cobertor
Te puxar pra perto
Sentir seu cheiro

Não medir palavras
Dizer bobagens
Sorrir do seu riso

Esperar você chegar
Pra abrir a porta de toalha
E quem sabe te convencer a ficar

Te abraçar bem forte
Te levantar, sorrir
Brincar, brigar, amar... viver!

A falência ou coisa que o valha

Construir uma ideia.
e te dar um sorriso
estão nos planos diários.

me fracionar em pedaços
e te entregar as fatias
são o alimento pro seu café da manhã.

Só acho isso estranho,
pois ultimamente você parace não querer.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Masturbação

quarta-feira, 29 de junho de 2011 1
Suas mãos acariciam todo meu corpo e com deslicadeza vai me despindo,
Seus olhos vão de encontro aos meus,
Enquanto abocanha meus seios,
Sinto seu corpo estremecer

Minhas pernas entrelaçadas a suas,
Meu corpo no seu corpo,
O seu corpo no meu corpo,
Torna-nos um único elemento

Suor, gemidos,
Tudo se mistura aos gritos,
Sussurros, introdução, penetração,
Invasão, apenas o meu órgão nessa sensação

Arrumar palavras...

Ainda tenho coisas a dizer?
Olhei hoje para essa tela branca...
E me perguntei, sinceramente:
O que ainda falta falar?

Passei e sei que ainda vou passar
Muito tempo escrevendo e a escrever
A minha grande dúvida agora é?
O que porra ainda tenho a dizer?

Ah... e tem essas estrofes estranhas que me permito fazer
Sei que as vezes parece que uso palavras apenas pra rimar
Mas olha, sou poeta pobre, ingênuo e sem recursos...
Meu maior trunfo, acredite, é amar a minha poesia sem pestanejar...

E, quem sabe assim, cinicamente
eu pare de fazer poesias para os assuntos,
e passe a arrumar assunto pras minhas poesias!

O intervalo ou um rascunho sobre os desencontros

No fim a gente é um pouco dos dois, carne sem graça no espeto ou baratão nojento aceitando o que se é.

Existe a hora, mas a gente nunca sabe. Faz dias que não sai uma linha, faz dias que ela não diz que me ama. Não vai mudar, os instantes que dividem a glória de um segundo indiferente são uma penitência, uma jaula que a gente sempre volta a se trancar. Com consentimento, com a dúvida de nunca sair.

Faz dias que não sai uma linha, um inferno só com dias previsíveis. Juntar palavras é bobagem e inocente. Pego a blusa, o cigarro e me contento em me divertir no trabalho ou com o caminho até a casa dela. Não preciso de liberdade pra esses dias e nem de um estopim que ilumine o caderno que está abandonado.

Eu pego a blusa, o cigarro e nem me importo se faz dias que não sai uma linha. Pelas onze da noite eu entro e eu mesmo fecha os pequenos metros quadrados que aprisionam, aprisionam. Sei que um dia, de tanto juntar acaba saindo. A linha, o verso o beijo esquecido. Agora, eu nem me importo. Kafka e kafta já me parece a mesma coisa, no estado inerte que me encontro. No fim a gente é um pouco dos dois, carne sem graça no espeto ou baratão nojento aceitando o que se é.

As mãos deslizam e desenham formas irreconhecíveis. As letras todas fogem e se escondem. Não é o tempo, talvez nem a hora pra contar a nossa história ou inventar uma nova. Eu pego a blusa e o cigarro enquanto não sai uma linha.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Exercício de Escrita III

segunda-feira, 27 de junho de 2011 0
Tanto tempo fui tão pouco
Tão pouco eu por tanto tempo
Tempo louco, sem eu em mim
Pouco tempo disposto a ser assim

Tem esse gosto de disgosto que me afronta
Assombra a sombra da vida que desponta
Descer ladeiras, escorredeiras sem arte
De uma ladeira onde o sol bate e arde

Desejo o minuto que passou e foi apressado
Jogado segundo que se perde e é lembrança
Desconfiança de perder meu tempo e vida
Talvez perdida para nunca e nunca mais

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Corações mornos ou a viagem dos indivíduos nulos.

sexta-feira, 24 de junho de 2011 0
Tem café e cerveja, mas nada pra comer. É assim que sempre recepiciono os amigos lá no meu pequeno aparmento perto do centro. Café e cerveja e quase sempre água na geladeira. Comemoro sempre que abro a porta vencida pelo ferrugem e vejo a luz iluminando os azulejos manchados da cozinha, tem uma luz lá dentro. Ainda não cortaram a força.

Pausa pra abrir as latas enquanto a gente consente em silêncio que cortaram a força, a fome, a sede. Tiraram da gente a esperança, a vontade, a crença. Os encontros nossos são como se nunca tivéssemos pichados muros ou soltado grunhidos raivosos de extrema esquerda, hoje é assim, como se nunca tivéssemos levantado bandeira alguma. Antes a conversa era com menos cerveja, mas sempre caia em Stirner ou o que Hegel tinha a ver com sexo livre.

Hoje, sempre esbarramos nos títulos atrasados e falamos das mulheres e de aventuras que a cada ano ficam mais perigosas. Ao menos algo deve continuar pulsando. Tem café e cerveja, mas nada pra comer.

Ainda não cortaram a força, mas já não lembro quando dei a última palavra convicta da minha revolução sem leis.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Lendo um autor com fortes simpatias anarquistas

quarta-feira, 22 de junho de 2011 0
"Quero que vá para o inferno essa batalha do zodiáco ... não dou a mínima para a conspiração dos planetas."

Faz tempo que ela adotou uma mania, me envia o horóscopo todo dia. De alguma forma ela crê que isso vá mudar meu dia. Fico sem graça de dizer pra ela que quero que vá para o inferno essa batalha do zodiáco e que não dou a mínima para a conspiração dos planetas. Talvez eu não dar a mínima pra quase nada a deixe preocupada. Ontem mesmo dizia para os virginianos terem cuidado, Jupiter está em fúria.

Vejo na TV um homem público que ficou milionário em questão de poucos anos, só mandando ver na licitação para favorecer a sua empresa. Vão fazer o Itaquerão, esculpido a suor de 1000 homens e dinheiro que a gente não vai poder saber daonde veio, se bem que sabemos, mas vá, Jupiter está em fúria. Mensagens codificadas não descansam, deve ser por isso que sempre vou dormir tarde.

Já recebi a notícia diária dos cosmos e da moça que se preocupa com os astros, mas ainda não li. Não é medo, mas a cabeça está longe. Não que a insônia veio me visitar esses tempos, mas sempre acabo indo até as tantas da noite. Estou quase chegando numa teoria que é possível sacar microfonia nos ruídos mínimos da madrugada.

Ruídos quase secretos que escondem os passos de gente que rasteja, copula e morre em estradas. Estou quase lá, por que mais furioso que Jupiter esteja.

E você? Já sabe da sua sorte de hoje?

terça-feira, 21 de junho de 2011

Um Desejo

terça-feira, 21 de junho de 2011 0
Disse ao Rei: torna-me um passáro!
Para voar alto, onde ninguém possa me alcançar,
No inverno migrar à procura do infinito,
E retornar no despertar mais belo e singelo de uma rosa.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Meu Corpo

segunda-feira, 20 de junho de 2011 0
Entre sem pedir licença,
A casa esta molhada é apertada,
Mas é o primeiro a usar

Visite todos os ambientes,
E diga em qual deseja deleitar,
a decoração é agradável,
E nas montanhas pode deslizar

Só tome cuidado com um lugar
se nele você entrar,
Para sempre irá ficar

Manhã na Augusta...

Eu nem lembrava mais como era esse, que tá na descrição do blog, mas reler me fez lembrar todas as cenas que me levaram a ele...
Lembro de tentar tocar na guitarra, que o cara tocava no palco, lembro de falar alto com as pessoas no balcão e essa noite terminou com pastel de queijo numa feita lá perto e todas aquelas certezas de nunca mais e tals, que se renovavam a cada novo sábado...

Agora sinto em minhas costas um peso
Um peso tal que já limita o meu andar
São tantas horas em função do desespero
Que na manhã de mais um domingo é difícil caminhar

Ainda escuto o estrondo das músicas altas
Mas não sinto mais a esxitação de agora a pouco
O dia na minha cara, com sorridente sol, me tirou o tesão
Só me restam lembranças, e o cheiro de cigarro na roupa

Quero dormir pra me esquecer, pra não lembrar
Que ainda era eu cantarolando músicas sem conhecer
Quero dormir pra sonhar, ou fantasiar
Que sabia a hora de beber, mas também a hora de parar

Férias

Qual o valor de um pipa?
Vinte, trinta, quarenta centavos?
E um carreteu de linha, têm ele o mesmo valor da lata em que é enrolado?
Qual o valor da rabiola feita com saquinhos de supermercado? Ou aquele que de segunda, quarta e sexta é coletado?
Qual o valor da cola e do vidro despedaçado?
Terá eles o mesmo valor do dedo e pescoço cortado?
E aquele telhado quebrado, qual o valor cobrado para ele ser concertado?
E o valor do rosto queimado? Onde o protetor não foi passado.
Terá que pagar o céu para ele ser lançado? Ou é o vento que deverá ser pago?
Qual o valor de um pipa, quando é mandado?
O mesmo valor do cortado e aparado?
Ou será mais caro, aquele que foi buscado na rua de baixo?
Terá o pipa, o mesmo valor de um coração apaixonado?
Que por ele o céu esta sempre enfeitado...
Será o pipa responsável pelas quedas que gerou o machucado?
Qual o valor de um pipa?
Criado 1.200 antes de Cristo ser gerado, por um chinês sábio,
Mas somente em uma época do ano é lembrado.
Aí coração apaixonado, o céu não é mais enfeitado,
o que era apenas um sinal, hoje esta cortado,
só resta a cicatriz do amor mandado.

domingo, 19 de junho de 2011

Inverno

domingo, 19 de junho de 2011 0
Frio, coberta, banho quente,
pé gelado,
sono atrasado

Segunda, terça, quarta-feira
uma semana,
que saudade imensa

Ódio, diálogo, conversa
brincadeiras, olhares,
barro,
balsa,
beijo!

Desejo, Newton, sedução
paixão,
traição,
coração... Pé gelado!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Negro cardume da noite...

sexta-feira, 17 de junho de 2011 0
Negro cardume de rua
Suja rua que adormece
Perdidos sussuros pela noite
Faz da vida insuportável espera

E a noite faz de fantasma as estátuas
E transforma em ratos nossos seres
A noite que me leva e me aguarda
É a mesma noite que me mata e temo

Solta-me noite! Me deixe livre de você
Quero voltar a ser o que não fui...
Perdido, choroso... um resto de gosto
Um monstro de desgosto esperando morrer

Mendigos que mendigam moedas
Esperando um pouco mais de prazer
Sentinelas nestas ruas desertas
Donos das noites, perdido viver

Esqueçam as histórias infantis felizes
De meninas com príncepes pra salvar
As meninas que vejo ficam em portas de prédios
Onde o prazer tem preço e você pode pagar

Caçando a liberdade em notas de 50 amaçadas
Entre vestígios de crack, perdição e cocaína
Se consome muito, se consomem todos
Perdidas, escrotas, farrapos perdidas...

A marquise nos esconde, nos protege
Lá onde o fogo é fraco e permitido
Onde se misturam pernas e braços
E o amor é um pacto, de um povo ferido

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Vontade...

quarta-feira, 15 de junho de 2011 0
A vontade toma os caminhos que quiser
Ela, tu sabes, é indomável e irrequieta
A vontade me leva e vou sem saber
Pra onde estou indo e o que me espera

Meu corpo é tomado e cada gesto é em seu favor
Cada batimento, passo e respiração
Minha mente é invadida pelo seu imparável fulgor
E quando nú não consigo mais ouvir seu não

Dentre as mais pesadas noites,
entre as pernas mais desejadas
Sonhei, sofri, me perdi e fugi

E nos dias que se perderam
Entre dormindo e acordado
A vontade me deixou parado
Tomou minha mente e me lembrou você

E não perdi mais minhas horas
Não joguei mais minutos fora
E teu sorriso é minha desforra
Que enxergo com os olhos de quem adora

Pensei num tema em tríade.

Pensei num tema em tríade, em mais um tema desses. Repetido mesmo, tudo bem. Eu não me importo e você? Se volta por aqui, também não.

Pensei num tema que tivesse liberdade, ousadia e cheques pré-datados, mas me senti preso, castrado e afogado em contas atrasadas. Concluí que não serei mais livre, já não me passa mais a ideia de fugir dos meus pensamentos. Ousado só é mesmo quando imito o Rafiki, o macaco do rei leão, pendurado nos ferros do metrô.

Vivo flutuando, todo mundo vive. Astronautas sem olhos que flutuam na esperança de tocar o dia seguinte e que esse dia seja o dia que a gente fica milionário, feliz e realizado. Eu flutuo, mas de cansaço. Cansado do discurso, da inteligência, dos custos e dos prazos.

Pensei num tema em tríade que fosse prático, que te tirasse da inércia, te botasse no chão. Um tema que tivesse crença, luta e liberdade. Concluí que o relógio é mais doido que o Sol e foi a ditadura que a minha geração viveu. É estranho achar que se é livre no mundo dos crediários.

Concluí que limitado é uma variável e alcance nem sempre é onde chega meus braços. Só daí percebi que uso todos meus dias pra não deixar que flutue sem olhos, em uma era que a gente ainda pode usar ousadia, crença e luta numa única frase.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Livros, discos e poeira no armário

segunda-feira, 13 de junho de 2011 0
As vezes é preciso ver de novo. As vezes é preciso ver mil vezes e tem as tantas outras vezes que é melhor nem ver. Coleciono discos na estante, cada temporada é um novo. Depois cansa, como tanta gente que passa nas nossas vidas, depois cansa.

Daí deixo eles descansarem na estante, ao lado dos livros que veem junto das temporadas. Reparou? A vida é cheia de temporadas, das fases e dos altos e baixos. Se sacar tem trilha sonora pra mocinha da viela, tem poema pras Anas e Lucimaras, tem discos e discos que são recheados das palavras desses livros e neles os dias que a gente vai levando.

Quase sempre a gente ouve as músicas até rachar, looping eterno pros refrões e muito fôlego, pra rima não ficar sem graça e os versos repetidos.

Depois, a gente cansa. E eles descansam ao lado dos livros.

Quase sempre minha estante fica repleta de poeira, porque a vida corre rápido e a gente não tem tempo pra isso, pra lustra móveis, pra Poliflor com cheirinho de Lavanda. Mas não tem jeito, tem vezes que é preciso voltar lá e por tudo em ordem. Os discos voltam pro tocador, os livros voltam a ser lidos e reviver as temporadas é efeito colateral que atinge o estômago sem nenhum rancor. Solto o riso, lembro das Anas e das Lucimaras e é isso.

No fim nunca gosto disso, de reler os livros e nem de ouvir os velhos discos. No fim é reviver de forma intensa demais coisa que não faz mais sentido. Fico feliz de ter uma trilha sonora pra mocinha da viela, mas me dá ânsia quase que sentir nos pés o frio daqueles paralelepípedos.

No fim a vida corre demais e a gente não tem tempo, pra Poliflor cheirinho de lavanda.

domingo, 12 de junho de 2011

Feliz dia dos Namorados!

domingo, 12 de junho de 2011 0
Não sei se sempre serei eficiente assim, mas hoje ao pensar na data foi isso que saiu...
Você caro amigo que ainda não disse nada de muito romântico para sua digníssima, sinta-se a vontade de roubar e dizer que é seu! Hoje está liberado!

Queria ter milhares de coisas pra falar
Cantar sua beleza, a alegria de ter você

Queria inventar palavras e expressões
Pra me convencer e a você...

Quero! As horas em que não te vi
Os anos que passei sem te conhecer!

Quero inventar histórias, contar causos
Onde a heroína a ser salva era você,
e eu herói atrapalhado a te salvar!

Queria ter mais certezas pra dizer
Saber sobre a vida, sobre mim e você

Te falar dos sorrisos que me tirou
Das vezes em que não estava bem e te liguei

Do favor que me faz ao ficar comigo
Da vontade que tenho de te agarrar...

Das horas passadas entre seus beijos
Dos dias em que fiquei só no desejo

Dai que, sendo assim, fica até pouco só dizer:
Feliz dia dos namorados pra você!

sábado, 11 de junho de 2011

Bom mesmo!

sábado, 11 de junho de 2011 1
Bom mesmo é cerveja!
Não adianta vim falar
Tempera as conversas e a vida!

Bom mesmo é boteco!
Pra rir e convensar
Queria ter boteco todo dia!

Bom mesmo é amizade!
Pra te compreender te ajudar
Não ter amigos perto é minha fobia!

Bom mesmo é o amor!
Pra beijar e abraçar!
E eu quero tudo que é bom ao mesmo tempo!
E não quero deixar o tempo passar...

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Dividendos ou o troco da auto-estima.

sexta-feira, 10 de junho de 2011 2
O relógio toca, quase sempre me atraso.
Levo uma vida de bom moço
e sinto culpa por encarar os dias assim.

Tá certo que cansa ser falido,
nesse mundo dos vencedores e bem sucedidos.
Mas não nasci pra isso.

É como trair o espirito.
Estou perdendo os dias
e aceitando a condição.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Sedentos por mais viver

quinta-feira, 9 de junho de 2011 0
Tempo e vento: cruel mistura!
Que desfaz amores e montanhas

Destrói nossos corpos e sabores
E deixa em nós a saudade e a falta

Somos restos das estrelas
Esperando nosso tempo acabar

Somos amores perdidos
Esperanças despedaçadas

Que ainda vivos e sorridentes
Ficamos pelo mundo, fingindo não sofrer

Mas a dor é o que nos faz mais vivos
Vivos e sedentos por mais amor, por mais viver

E se puder pedir, e um só desejo tiver
Quero sim sofrer, pra me levantar feliz

Quero cair, em lágrimas me desfazer
Pra ter vontade de ter sempre mais!

O maior tesão que se deve ter
deve ser o tesão por continuar!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Nasci de uma vontade estranha

quarta-feira, 8 de junho de 2011 1
Nasci de uma vontade estranha,
uma vontade que faz eu sair de casa nesses dias odiáveis.

Insisto na ideia de sumir, nessas festas de gente esquisita.
Procuro um método de eternizar as visões distorcidas,
que tenho quando estou possuído de ópio.

E acho isso tão normal, com a mesma neutralidade
que você responde aos bom dias de desconhecidos.

E acho isso tão assustador,
como as vezes que me pego escondendo versos secretos [e mentirosos.]

Nasci de uma vontade estranha,
que faz eu ser um eterno insatisfeito.

E acho isso tão normal,
na medida que você me chama de assustador.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Coletivo Um Nove - Condicionado

terça-feira, 7 de junho de 2011 2
Tem a liberdade de escrever
Tem a liberdade de pensar
Que só as amarras da mente
Fortes e potentes, podem nos limitar
Nós somos poços de vontades

O ar-condicionado/ser-humano condicionado
Enganando-se sobre as portas abertas,
sobre vento frio que vence as janelas.
Crente em ser senhor e livre das amuletas.

Erro de servo menor, doutrinado e inofensivo,
refém das suas ideias viciantes,
cumplice dos desvios da humanidade.

Mas eu vejo chegar o dia
Em que será absurdo não viver
Em que chacoalhar nos coletivos
Morrer em escritórios de ar-condicionado
Será passado e perdido...

Cegos do instinto que move nossos desejos,
Alucionados os espíritos que querem sangue quente.
verossímil está o câncer pungente,
que estimulará nossa sede de deixar legados.

Legados livres, libertinos e sedentos.
Sedentos de liberdade.

sábado, 4 de junho de 2011

Não pensei num nome...

sábado, 4 de junho de 2011 0
Dos medos justificados eu sorri
Da seriedade dos dias cinzentos eu fugi
Passei os melhores dias ao vento
Entre as putas e os seres sem lamento.

Corri entre os carros, perdido
Morri nas noites de altas doses
Chorei pelos corpos e nos copos
Sem medo te beijei as dores e chagas

Sobre os escuros escombros da noite
Sobre as marquises de medo e loucura
Durante todas as fases da lua...
Eu te vi, te senti, te amei

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Dois quadros pro meu filme feliz

sexta-feira, 3 de junho de 2011 1
Se faz poesia quando se tem felicidade?
Fechado pra balanço!

Só escrevo quando voltar,
do seu quarto,
do bar,
da rua.

Da aurora que esconde as nossas faces,
quando eu voltar,
porque eu fui longe.

E hoje eu não quero voltar!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sou só eu...

quinta-feira, 2 de junho de 2011 0
De sonhos, isso mesmo
Queria ser um pote de sonhos,
os que a gente pode viver
e os que só podemos sonhar...

Queria ter todas as dores,
Pra ter todas as lágrimas.

Ter um monte de sorrisos
Um colar e várias certezas

Desejei ser tudo que pudesse
Mas hoje, nesse frio, sou só eu.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

31 dias e o complexo de Teseu

quarta-feira, 1 de junho de 2011 2
Se foram os 31 dias de muita baboseira por aqui, sinto que nunca escrevi tanto na vida e isso me pareceu um bom hábito. Revivi cada palavra e num sopro as dei de graça. Meias palavras doentes de caras que não sabem onde por a vírgula e que rima boa nem sempre é dos repentistas. Assim foram os dias, de caras que pensam que são mais fortes do realmente são e que reduzem afetos em versos truncados, errados e instintivos.

Longe das academias e letrados se escreve de um jeito estranho, decadente e aleatório. Triste como o relógio e alucinante como guiar uma moto a muitos kilometros por hora. E isso tem algo de belo. Não nos reduza a comparações absurdas, não seremos pomposos na escrita, nem novos gênios da literatura.

E isso tem algo de belo, mesmo esses versos equivocados, destreinados e urgentes. São belos!

Para entender a beleza é preciso questiona-lá. É muito fácil achar belo um quadro de Van Eyck, qualquer um acha. O rigor técnico é surpreendente e chamem de talento o que mais quiser chamar, seus quadros assustam tanto como um Jesus de ferida aberta feita pelo Caravaggio. Beethoven é conhecido até hoje por criancinhas e por caras que não entendem nada de música clássica - como eu. Mas sempre nos deparamos com um abismo que divide esses caras a nós. Inevitável é se surpreender pela obra e achar que nunca seremos capazes de fazer tal feito. Reduzir fronteiras e chegar num ponto secreto é muito mais belo que o rigor técnico quase que exibicionista de muitos artistas. Tocar sem usar as mãos é mais uma para a coleção de mistérios da vida.

Certa vez vi os olhos de um matemático observando a solução de suas três folhas de cálculos. Via o caminho que acabará de percorrer, mesmo atônico soltava um riso vitorioso. Desvendava entre suas derivadas duplas e integrais um dilema. Acabará de se apaixonar. E achava aqueles rabiscos, números, xis e alfas o mais belo dos monumentos. Achava belo pois passou a entender. Compreendeu os sistemas complexos e dado o instante que soube interpretar e desvendar os mistérios viu a beleza e profundidade que esses códigos continham.

Assim como esses textos, tão possíveis, que qualquer um pode escrever. A beleza está em desvendar os códigos, alguns simples e outros complexos. Não existe abismo entre caras sem talento que escrevem mesmo sem saber. Ué, no fim nascemos sem saber e vamos vivendo mesmo sem ter nenhuma habilidade para tal.

Os olhos do matemático ainda contemplam a beleza de suas folhas, o poeta que matou meus pseudônimos ainda leva em si um sorriso e eu desde então de sopro em sopro dou essas migalhas corajosas. E isso tem algo de belo.
 
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