quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Fiz dos teus secretos pêlos meu confessionário

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009 2
Todos os meus gestos trouxeram mulheres,
e minhas mãos as tiveram como se fossem as únicas.
Minhas puras e divinas moças,
pra se perder nesses lençóis maldosos.

Assutadas as paredes me deram golpes,
por ouvir seus gemidos, de todas as intensidades.
E eu na calmaria, arruinado pelo cansaço,
disse baixinho enquanto uma delas dormia.

Declarei a minha terrível verdade.
Que penso sim, ser pra todas elas,
o melhor dos amantes.
O único sangue que vão lembrar,
quando o calor tomar o meio de suas pernas.

Quero ser pra todas a lembrança mais profana.
O desejo que lhe roube o folêgo e seja as minhas mãos,
o lugar certo pra deitar seus seios.

E quando fechar os olhos na noite,
entregar pra mim o último pensamento.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Matadores, Cânfora e amores

terça-feira, 22 de dezembro de 2009 0
São cinco da manhã e acabei de sair de um lixo de bar escondido num beco estranho dessa cidade, estou cheio de blusas e nem me aguento de tanta cerveja barata e ódio concentrado. Estou bebado e nem é de tanta cerveja, afinal, nem sei o que acontece. Sei que os sintomas são os mesmos. Sei também que acordei com esse instinto incontrolável. Um terrível matador, um assassino treinado.

Foi por isso me juntei aos detestáveis dessa cidade nessa noite friorenta, pois sempre preciso de um retiro espiritual, em cada último sopro ofegante de cada ser horrendo que extermino eu congelo e as imagens pipocam na minha cabeça. Estar junto com os vermes me faz sentir melhor, porque de algum modo me sinto como eles, escondo minha cara, com certo receio que percebam nos meus olhos o desespero dos estranhos que tive que aniquilar. E acumulo, desespero desses estranhos, quiserá eu botar em potes ou deixar em doses toda vez que levo as flores no triste funeral. É, sempre apareço nos funerais, deve ser pra se confirmar o sucesso do serviço, talvez. Verdade é que eu sempre volto. Sempre apareço.

Me atormenta toda vez que recebo notícias, seja de longe, ou de perto. Deve ser por isso que é dificil de me encontrar, estou nessa eterna fuga, das noticias, dos olhares. Só confio nas minhas mãos plenas e no ouvido treinado.

Sim, ando atormentado. As noticas não param e como vingança estão todas no meu colo, pulsando e pulsando. O passado com vestido de noiva, o choro das mulheres viúvas, as crianças descontroladas, estão aqui, todas me encarando. Nem minhas mãos puderam contar e nem pude ouvi-las se aproximar. Se assim fosse, daria tempo de ir embora outra vez.

Ir embora outra vez.
Ir embora outra vez.

Eu acendo um cigarro e monto minha cara de matador terrível. A fumaça me enche o peito e fico na espera do sono me pegar.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Coletivo Zero Cinco - Nasci da boa vontade de prostitutas!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009 1
Tece o mundo lá fora um rosário
E eu rezo junto, mesmo sem crer

Escuto esses sussuros de disforra
Vejo nas ruas sangue e lágrimas a escorrer

Não vi mais decência ou clemência
Onde estarão os bons corações?

Se perderam nesse luto, nessa crença?
Onde a idéia de 1 mata milhões?

Nem sei se é mais ódio,
sei que me fere e cansa os olhos.

Quero a esperança de antes,
brotando no peito.

A certeza que nas mãos,
minutas mãos, haveria salvação.

E hoje me parece,
que ninguém quer ser salvo.

Vejo os bares cheios,
as vilas mortas.

Nem as igrejas mais,
gritam como antes.

Todos congelam na frequencia,
de microondas e televisores.

O gosto estúpido,
corta as paredes do estômago.

O balanço do trem cheio me deixa com nojo.
As pessoas viciadas nem percebem minha vista turva.

Esse discurso parece dos velhos russos,
que nem viram suas vilas floridas.

E eu, nem quero que termine,
quero ver essa cidade odiosa.

Quero sentir seus becos escuros,
seus bares mediocres.

Quero cortar meus braços,
e que essa noite estoure meus miolos.

mais uma vez.
Eu rezo junto sem crer.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Só queria ficar em silêncio...

domingo, 20 de dezembro de 2009 0
Não queria falar de filosofia!
Na verdade eu nem queria falar...
Queria era ouvir essa sinfonia
Que ouço pela rua ao caminhar

Mas eu acabo falando mesmo...
Essa boca fica aberta
Vejo palavras a saltar:

Está tão claro que não sou mais belo
Que me parece perda tempo me olhar
Sim, já faz muito tempo que não sou o que quero
E nem me desejo, sou alguém pra se cansar!

Estou fraco hoje, então vá embora
Não converse comigo, nem tente me alegrar
Outro dia quem sabe, chega a disforra
Hoje minha flor, é melhor eu me deitar...

Não disse que falaria?
E olho essas frases ai em cima...
Estou quase feliz... quem diria?

Ainda passeio essas mãos pelo teclado
Hoje nem preciso olhar pra tela
Tem palavras que conheço, que são o meu fardo
Alegria, amor, culpa, morte e vela!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Coletivo Zero Quatro

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009 0
Dia em dia -- Noite em Noite
Via cada minuto solto
Estourar minha carne com um açoite

E era tão clara a dor
Via o céu borrar
Um desejo se abria em flor
Tinha medo de partir
Não tinha motivos pra ficar

Mas quem diga que venci os lençóis.
Faz tempo, Amor, que dexei de guerrear.
E fiquei até o fim,
só pra poder ver o final.

E entre minhas armas falhas,
meu corpo seco e arruinado,
entrelacei meus braços aos seus.
meu corpo quente ao teu.

E fiquei, derrotado pelo clima quente,
entregue nessa cama e quarto escuro.
Com a culpa corroendo.
Incomodado pelo silêncio.
[ eu devia ir pra casa ]

Não que eu tenha nojo do lençol manchado,
nem da sua maquiagem borrada,
mas sabe, Amor, eu não tenho motivos pra ficar.

Eu miro o olhar no teto e desisto.
Lá fora continua me assustando
e encarar nossas faces pecadoras
me espanta.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Pausa 01

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009 1
Hoje eu olhei pro calendário, pensei em todos os dias, até nos escuros, alías foi nos sombrios que me atentei. E me pareceu um tanto engraçado senti-los agora, tão distantes. De alguma forma seguimos em frente, já não somos mais tolos e nem tão desesperados a ponto de pensar que alguma coisa seja insuperável.

Os dias vieram e foram arrebatadores, deixaram suas marcas e vão continuar sendo cruéis. E vamos indo, com as marcas todas ou com tudo resolvido. O processo pode demorar anos, dias, meses, quem sabe?

Pode ser que visite os piores lugares desse mundo, ou que sinta o cheiro do inferno. Pode ser. Só me diga que voltará revigorado e muito melhor que a ida. Pois é assim, que os dias foram, entre os muquifos estranhos, com gente estranha. Gente faminta e remendada, gente com tristeza no olhar. Quem foi que levou todos os sonhos? Os delas e alguns dos meus? Não vale dizer que foi os dias... Talvez começamos tudo errado, certos que daria tudo certo. Pois mais que se creia o mundo não será mudado, ele é tão estranho como nós. Perfeito, não acha? Tem os lugares sujos, pessoas sujas, lugares puros e pessoas puras...

Tem desejo, e gente desejando. Tem mares de pecado e pecadores de sobra. Ah! uma puta sinfonia regida pelo tempo. Dá pra degustar de tudo, me dei conta assim, olhando pro calendário. Dos sias todos, os comuns, os infernais, os puros, os apaixonantes, os amorosos... Dias e dias.

Eu devo agradecer, eles foram arrebatadores
 
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