sexta-feira, 15 de abril de 2011

Esse é o relato mais triste que já se ouviu falar.

sexta-feira, 15 de abril de 2011
Eu nunca fui bom em previsões, sou desatento demais pra isso. Sou um desses avoados, como diz minha vizinha. Mas já faz umas semanas que sinto algo estranho, me sinto mais deslocado que o normal. Ela me beija e foge dos meus olhos, ainda assim diz que me ama, mas não sei. Esses tempos, são de mudança, de escritórios friorentos e coxinha no almoço. E ela, diz que me ama.

Esses tempos estou averso aos amigos, ao chefe, a ela e a mim mesmo, pois fiquei desconfiado demais, solitário demais. Acho que tinha um pouco das previsões, que de subito iam me atacar, dessa vez eu senti bem na goela, e ficou entalada. Ah meu amor, as minhas previsões dessa vez foram um tiro, foda-se o alvo. Um tiro.

E hoje quando subi aquela rua, na quase uma hora de espera eu fiquei pensando num jeito de escarrar esse troço, que agora eu chamo de previsões. Subi a rua num tom de despedida, tive a certeza que seria o fim, lembrei das histórias que tive naquela rua, muito antes dela voltar.

Daí senti saudade, quando era um sujeito meio Kerouac sem Cassady, ou quando era os dois juntos, pensei nas vezes que flutuei nessa rua bêbado, quando fui roubado nela e quando eu que roubei. Essa mesma rua que moram as garotas da faculdade ao lado, a rua que elas vão pro bar e robotizam tudo pra não perder o penteado. Continuo um tanto inconsequente, mas a idade me deu uma certa sobriedade pra sacar que isso passa, como as garotas no bar, como essa rua, que hoje, tive a certeza que nunca mais vou ver.

É assim com um tanto de gente, tem as que nunca mais voltam, tem as que somem e desaparecem. Como as ruas que a gente vira a toda hora, sobe, desliza. Tem as placas sem nome, as esquecidas e as sem saída.

Estou averso a esse monte de falácia.

Dessa vez eu disse adeus, pude entender que as coisas tem um fim. Que a gente muda depressa, a idade não nos abateu tanto assim, amanhã a gente muda de opinião, de roupa, muda os sonhos e inclinação politica. Não, isso nada tem a ver com fugacidade, só sangue, desespero de quem acha que a vida pode sumir mais rápido que a gente dê conta.

Já virei pra outra rua, seu nome? nem me importo.

Adeus.

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