quinta-feira, 19 de maio de 2011

Gabba Gabba Hey, revolução e sprays na parede

quinta-feira, 19 de maio de 2011
Play!

Falei dos anos 90 a pouco. Os meus anos de infância beijaram os 90 e com vigor juvenil de um adolescente que tá conhecendo o pinto eu deixei essa década encarando um dos maiores eventos do pop.

Como disse, nem sei o que me motivava na infância, estava fadado a ser um grande idiota, caso meus inimigos se incomodem com essa frase eu refaço a colocação, estava fadado a ser mais idiota do que sou.

Conheci certas coisas meio tardio comparado com meus amigos que já tinham transado aos 14 e já sacaram essa coisa de Kurt Cobain sair engatinhando de palco. Eu não, transei tarde e era o deslocado sem graça que odiava os amiguinhos da escola. Passava as noites com um walkman aiwa que tinha um fonão dos bons, dali peguei gosto pela música. Tinha profundidade, mas era catastrófico. Ouvia rádio e os quilos hertz disponíveis eram pouca coisa que prestava. Acho que após 15 anos nada mudou. Lembro que ouvia um programa de metal e tinha uns contos do Zé do Caixão, era engraçadissímo. E, tocava metal. Gostava daquelas guitarras pesadas, mas sempre vinha aqueles vocais e tecladinhos e isso era a morte assustadora que dava mais pânico que o Zé falando: "Vocêêê... e todos vocêsss". Era isso, guitarras pesadas e muita viadagem coberta de caveira e pose de "demo". Pra encurtar a história vou acelerar um pouco e chegar na parte que eu dei de cara com um album pirata dos Ramones, a coletânea Ramones mania, 20 faixas de genialidade e chute no baço. Revolução.

Desde então vivi 3 anos em um. Comprei livros, enchi a cara e como já disse algum rock por ai: Me apaixonei pela sarjeta. Quando me dei conta levantei os cabelos, rasguei as calças e fiz o que qualquer adolescente faria. Pior foi dar conta que estava ouvindo cólera e acreditando naquilo. É como botar Ratos de porão pra dormir. Li os malatestas, os Proudhons e sonhava em transar com Emma Goldman.

Ramones mania se multiplicou em todos os albuns dos caras, tem quem diga que são todas as músicas iguais, mas em 76 isso era de foder a mente de muito Iggy Pop e Johnny Rotten por ai. Canções com letras bocós que não saem do ouvido. Chicletão, um verdadeiro fenômeno pop. Caras que não seriam nada na vida faziam música boa e rodavam numa van de show em show vivendo o sonho de milhares de garotos. Tem quem acredita que fulano é um Poeta do Rock ou que Jimmi-Não-sei-quem maneja sua guitarra como nunca se viu, mas estamos falando de revolução. Como atear fogo na praça de maio ou realizar uma invasão em massa no pálacio central. Tudo que se produz desde então tem alguma coisa que eles fizeram. E to falando de rock e eu disse tudo.

Eles não seriam nada e estavam correndo. Desde então eu escrevo mesmo sem saber, eu tive banda sem ser nenhum Denis Chambers da bateria. E acho que não deu pra mudar o mundo e talvez nem dê tempo. Que essa pretensão juvenil eu deixo pra depois. Tiro um sorriso, pois mudei o meu mundo e isso é um bom passo.

Hoje Joey Ramone faria 60 anos, nem acho ele o mais divertido dos Ramones, mas frontman é frontman. Como já disse, me dei conta que serei um eterno viciado em recuperação.

Um comentário:

  1. Cara, tá ótimo!!

    Quem é esse seu amigo precoce ai? rs

    Mano, apesar da latente diferença, que é latente mas é ótima, entre a gente, vi várias coisas neste e no anterior que já tinha visto na vida... e os sentimentos são todos os mesmos.

    Lembro desse programa, mas já naquela época eu achava metal uma merda! Todo grunge e revoltado...

    Você leu Proudhon pra aprender, eu o li pra contestá-lo, marxista que era (que sou?)...

    A gente foi construindo "a gente" nesses 90 tão dispersos... tem coisas que talvez vc não lembre, como Prodigy e a onde electro que tomou conta de várias das bandas dos anos 80, que produziram Cd's com batidas horríveis... teve a morto do velho Renato, que há tempos não era mais o mesmo (Mais do Mesmo) e teve o plano real, a mulher do Itamar mostrando as partes no carnaval, teve Clinton... enfim, foram 10 anos fodas!

    Sinto falta da banheira do Gugu, dos programas da Cultura (18:30 X-tudo, 19hs Tin Tin, 19:30 Castelo Ra-tim-bum e às 20hs Anos Incríveis) e tudo isso está aqui, em mim, reverberando e me moldando...

    Concordo com a revolução dos Ramones, que ainda não terminou... eu gostava mais do Dee Dee, acho até pela loucura de sair fora e tals, sempre curti ele...

    60 anos... sabe o que eu acho, que tem caras que merecem a eternidade de morrer sem mostrar rugas...

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